Folha de S. Paulo


Com disco dançante, Belle & Sebastian deve voltar ao Brasil em 2015

Na década de 1990 talvez seja o Belle & Sebastian a banda que mais se aproxime do que poderíamos chamar de espírito de banda independente.

Os escoceses estão prestes a completar duas décadas tocando juntos, mesmo que ainda sejam, em grande parte do tempo, definidos pelos primeiros trabalhos.

E o que poderia ser um incômodo para a banda é motivo de alegria. É o que diz à Folha Chris Geddes, tecladista e membro do Belle & Sebastian desde o início.

"Nos consideramos tão sortudos por poder viver de música que enquanto tivermos isso, está bom", conta Geddes.

Divulgação
O grupo escocês Belle & Sebastian
O grupo escocês Belle & Sebastian

Voltar a produzir como nos 1990, porém, é algo que Geddes diz ser não ser fácil, porque a banda já não é mais a mesma do que naqueles tempos. "Mas significa muito para a gente que a música que a gente fez ainda se conecta com as pessoas."

Lançado em janeiro, o último álbum dos escoceses, "Girls In Peacetime Want To Dance", é carregado de uma sonoridade eletrônica-dançante – vertente ainda pouco explorada pelo grupo e que pode assustar os acostumados ao som "fofo".

O primeiro single do disco, "The Party Line", deixou clara a intenção do Belle & Sebastian de sair dos fones de ouvido de adolescentes solitários para dominar as pistas de dança.

Já "Enter Sylvia Plath" é a mais diferente de todas. Com o nome da sombria poeta norte-americana que se suicidou nos anos 1960, a canção leva as aspirações festeiras ao limite, com sonoridade que flerta com o eurodance. 

"Tem um pouco de Giorgio Moroder, um pouco de ABBA e coisas assim. Mas isso não foi feito conscientemente. Uma vez que nós começamos a tocar, as coisas foram caminhando", conta Geddes.

Ele afirma que, assim como nessa faixa, todo o resultado do disco aconteceu de forma natural, "guiada pela própria composição". "A canção simplesmente sugeria aquele tipo de abordagem."

CONSCIÊNCIA POLÍTICA

O som introspectivo do Belle & Sebastian, no entanto, não significa que a banda só está preocupada com os próprios sentimentos.

Em 2014, eles se juntaram a outros artistas locais na campanha pela separação da Escócia do Reino Unido. Um referendo em setembro do ano passado definiu que o país continuaria a fazer parte do território britânico.

Geddes diz que ficou surpreso e desapontado com o resultado da consulta pública. Ele conta que não conversava com muitas pessoas que se manifestassem como sendo pró-Reino Unido.

"No bairro onde eu moro, parecia que todo edifício e janela tinha um cartaz de 'sim' [para a separação], você não via nenhum pôster para o 'não", relembra o tecladista. "[O resultado] fez eu perceber que o grupo de pessoas que convivo não é o reflexo da sociedade como um todo. Isso me choca um pouco."

TROPICÁLIA

Sempre citado como uma grande influência para o grupo, devido ao tropicalismo, o Brasil não ficará de fora da nova turnê. "Ainda não há datas certas, mas nós vamos no fim do ano, imagino que em outubro ou novembro, por essa época", conta o tecladista.

Geddes não esconde o carinho pelo país – na primeira passagem por aqui, em 2001, diz ter se surpreendido com o público que "sabia todas as músicas e cantava junto enquanto tocávamos".
 
Ele guarda na memória a apresentação que o grupo fez no "Programa do Jô", na TV Globo, durante a turnê daquele ano. Quando a reportagem menciona o cover de Mutantes, o tecladista completa: "E nós tocamos a versão da Gal Costa de 'Baby', do Caetano, também".

Se confirmada, a apresentação do Belle & Sebastian será a terceira no país. A banda esteve no Brasil também em 2010, durante a turnê do disco "Write about Love".

GIRLS IN PEACETIME WANT TO DANCE
ARTISTA Belle & Sebastian
GRAVADORA Matador
QUANTO US$ 9,99, no iTunes


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