Folha de S. Paulo


Fãs se despedem de Inezita Barroso na Assembleia Legislativa de SP

Centenas de fãs, a maioria da terceira idade, estão reunidos no Hall Monumental da Assembleia Legislativa de São Paulo, zona sul da capital paulista, nesta segunda-feira (9), para se despedirem de Inezita Barroso.

A cantora, folclorista e apresentadora do programa de TV "Viola, Minha Viola", morreu na noite deste domingo (8), aos 90 anos.

Ela estava internada no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, desde o dia 19 de fevereiro. Segundo o hospital, a causa da morte foi insuficiência respiratória aguda.

O velório está aberto ao público desde as 7h30 e deve ocorrer até as 16h. O enterro está marcado para as 17h no cemitério Gethsêmani, na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo.

Coberto de rosas vermelhas, em caixão aberto, o corpo de Inezita é velado com uma bandeira do Estado de São Paulo e do Corinthians, time para o qual torcia.

Por volta das 11h, o governador do Estado, Geraldo Alckmin, compareceu ao funeral acompanhado de uma comitiva. "O segredo da sua vida longa foi fazer o que gostava", disse ele a um grupo de jornalistas.

Alckmin destacou ainda a importância de Inezita como pesquisadora da música caipira e como apresentadora do "programa musical mais longo da televisão brasileira".

Marco Ambrosio/Folhapress
O governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, no velório de Inezita Barroso
O governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, no velório de Inezita Barroso

O apresentador Silvio Santos, do SBT, homenageia Inezita com uma das dezenas de coroas de flores expostas no funeral nesta manhã.

Outra das coroas foi mandada pelo cantor sertanejo Daniel. Amigo de Inezita, Daniel assina o prefácio da sua biografia mais recente, publicada no último ano, de autoria do jornalista Carlos Eduardo Oliveira.

LEGADO

"O maior legado é essa legião de fãs", diz Marta Barroso, assistente social, filha única de Inezita, olhando para o salão cheio da Assembleia Legislativa de São Paulo. "Isso vem do coração, é de graça, é amor. E ela sabia disso."

O último programa "Viola, Minha Viola" que Inezita gravou para a TV Cultura foi realizado na casa de Marta, em Campos do Jordão, em dezembro.

A cantora, que morava na capital paulista, estava em Campos do Jordão desde novembro, em férias, antecipadas a pedido da própria.

"Comecei a notar que ela queria ficar muito tempo deitada, dizia que estava cansada. Não era um bom sinal, ela não era assim normalmente. Dali em diante, foi ladeira abaixo", diz Marta, para quem a morte foi decorrência da idade avançada.

No período das férias, Inezita também sofreu uma queda dentro da casa da filha. Segundo Marta, não se machucou, mas contribuiu para deixá-la mais desanimada.

Danilo Verpa/Folhapress
Marta Barroso (de óculos escuros), filha única de Inezita Barroso, no velório da cantora
Marta Barroso (de óculos escuros), filha única de Inezita Barroso, no velório da cantora

"Se engana quem pensa que a Inezita viveu só 90 anos. Para mim, ela viveu 300 anos, por tudo que fez", disse à Folha o humorista Ary Toledo, quando chegava para o velório no início da tarde.

Amigo da artista há 50 anos, Toledo disse que, apesar da idade avançada, a morte lhe parece "prematura", já que há um ano ela "estava perfeita, lúcida, andando por aí".

"Era uma guerreira. Defendeu com unhas e dentes a verdadeira música de raiz, que hoje está muito enfraquecida, com a perda de Ariano Suassuna, José Rico e agora Inezita", lembra o humorista.

FIDELIDADE

Por 32 anos, as terças e quartas à tarde foram de um mesmo compromisso: assistir à gravação do programa "Viola, Minha Viola", em São Paulo.

"Com lugar marcado, bem na frente", conta a fã Belinha Uliana, de 86 anos, que, com a turma de amigas que construiu em décadas de admiração por Inezita, foi ao velório da cantora na manhã desta segunda.

"Ela era um amor com os fãs. Sempre brincava que era para a gente voltar direitinho para casa depois da gravação", lembra e ri Belinha.

Na roda de amigas, sentadas na lateral do hall onde ocorre o velório, Ana Adelcina Pinheiro Barbosa, 57, também lamentava a morte de Inezita.

Ana também não perdia uma gravação. "Onde eu vou passear agora?", diz ela, moradora de Carapicuíba. "Semprei fiquei louca quando ela tirava férias, esperando para acabar. Ninguém vai conseguir substituir a Inezita."


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