Folha de S. Paulo


Semana de moda de Paris deve refletir clima sombrio

O clima sombrio que dominou boa parte das coleções de inverno 2016 nas semanas de moda de Nova York e Milão, no mês passado, chegará ao auge a partir desta terça (3), quando tem início a semana de moda de Paris, última parada do circuito de desfiles no hemisfério Norte.

Não apenas pela volta do preto e de uma alfaiataria um tanto austera aplicada nas roupas femininas, como mostraram grifes como Hugo Boss, Prada e Diesel Black Gold, mas também pelos recentes ataques ao jornal satírico "Charlie Hebdo" e a um supermercado judeu, em janeiro passado.

Em alerta para ataques terroristas, Paris deve repetir o esquema de segurança adotado na temporada masculina, que ocorreu pouco depois dos atentados. Além da revista de bolsas e casacos, a polícia averiguou documentos dos convidados.

A passarela da semana de moda parisiense também deve traduzir o clima de ebulição social com coleções étnicas, em específico de países muçulmanos próximos ao continente europeu, como a Tunísia e o Marrocos.

GALLIANO

Ironicamente, um dos eventos mais aguardados desta temporada é o retorno do estilista britânico John Galliano às passarelas de prêt-à-porter.

À frente da grife Maison Margiela, ele mostrará sua primeira coleção de "pronta-entrega" para a marca após ser demitido da Christian Dior, em 2011, por declarar seu ódio aos judeus em um vídeo vazado na internet.

"Perdoado" pelos fashionistas e com o apoio de Anna Wintour, diretora de redação da revista "Vogue" americana, ele desfilará no mesmo dia da Dior, que hoje conta com um dos designers mais inventivos do mundo, o belga Raf Simons.

O debate sobre os limites de gênero –ou seja, o que seria adequado para um guarda-roupa masculino ou feminino– permeará as coleções. Smokings femininos e um visual um tanto andrógino pode, segundo os birôs de tendências, definir a estética desta temporada.


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