Folha de S. Paulo


Cantor ruandês é condenado a 10 anos por conspiração contra presidente

Um popular cantor de Ruanda conhecido por suas interpretações do hino nacional foi condenado a 10 anos de prisão nesta sexta-feira (27) após ser considerado culpado por conspirar o assassinato do presidente ruandês, Paul Kagame, e de outras autoridades de alto escalão.

Duas outras pessoas também foram consideradas culpadas e presas. A promotoria disse que o acusado trabalhou junto a um grupo de oposição baseado na África do Sul, o Congresso Nacional de Ruanda.

Enquanto o cantor Kizito Mihigo foi condenado a 10 anos de prisão, Cassien Ntamuhanga, jornalista de uma rádio cristã de Kigali, foi condenado a 25 anos e Jaul Dukuzumuramyi, um ex-soldado, a 30 anos de detenção.

Wole Emmanuel - 18.fev.12/France Presse
Presidente de Ruanda, Paul Kagame, ao lado da líder da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, em 2012
Presidente de Ruanda, Paul Kagame, ao lado da líder da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, em 2012

Mihigo e Ntamuhanga foram acusados pela promotoria de conspirar com o Congresso nas redes sociais.

O ex-soldado Dukumuremyi foi acusado de ter sido supostamente pago para realizar ataques com granadas em Kigali, enquanto Niyibizi foi acusado de facilitar a transferência do dinheiro para ele, afirmou a promotoria.

Mihigo, um sobrevivente da etnia tutsi do genocídio de 1994 em Ruanda, é famoso por cantar o hino nacional em cerimônias oficiais, incluindo algumas em que o presidente estava presente.

Ele lançou neste ano uma música chamada "Meaning of Death" ("Significado da Morte") que foi proibida pelas autoridades, aparentemente por tocar em temas sensíveis sobre o genocídio, quando 800 mil pessoas da minoria tutsi e moderados da grupo majoritário hutu foram mortos pelos hutus.

"É uma vergonha, não é justiça. Isso é ridículo", disse Ntamuhanga a repórteres enquanto guardas o retiravam do tribunal.

Ele disse que planeja apelar imediatamente da decisão.


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