Folha de S. Paulo


Estética militar guia coleções da semana de moda de Nova York

Faz -2°C em Nova York, mas a sensação térmica é de -25°C, tanto nas ruas cobertas de neve quanto nas passarelas montadas no prédio do Lincoln Center, onde ocorrem desde quinta (12) os primeiros desfiles da temporada outono-inverno 2015/2016 da semana de moda internacional.

Pouca moda e muita ostentação foram o mote dos primeiros desfiles, que tiveram como destaque a aparição da atriz americana Katie Holmes (ex de Tom Cruise) e a nova coleção do rapper Kanye West para a grife alemã Adidas, com Beyoncé, Justin Bieber e a mulher do rapper, Kim Kardashian, na primeira fila.

West criou roupas esportivas recheadas da estética militar que deve ser a base do próximo inverno no hemisfério Norte. Leggings, bermudas e casacos puídos são referências, diz o neoestilista, aos protestos de Londres em 2012.

Divulgação
Em desfile na semana de moda de Nova York, modelos usam looks criados pelo rapper americano Kanye West para a marca alemã Adidas
Em desfile na semana de moda de Nova York, modelos usam looks criados pelo rapper americano Kanye West para a marca alemã Adidas

Na nova colaboração, o rapper, que enveredou por uma desastrada incursão na moda há três anos, parece querer provar que é multifuncional como seus colegas da música. Pharrell Williams, por exemplo, cria coleções que são sucesso de venda para grifes como a japonesa Comme des Garçons, a holandesa G-Star e a mesma Adidas que contratou West.

Nesse contexto de protestos, guerras e ebulição social no hemisfério Norte, a grife Nicholas K pesquisou a estética do filme "O Gabinete do Dr. Caligari" (1920), de Robert Wiene, para conceber sua coleção.

Do longa, marco do expressionismo alemão, os estilistas Nicholas e Christopher Kunz pescaram referências góticas e a ambivalência do comportamento humano diante do terror.

Como nômades, os modelos usaram proteção para os olhos, luvas de couro e roupas pesadas. As calças cargo e os casacos assimétricos apareceram como para serem usados em momentos de adversidade em um cenário apocalíptico.

A semana de Nova York não costuma, porém, ser tão política quanto a de Paris e a de Milão, oferecendo doses de escapismo e uma moda alegre para dias amenos, de sol.

A marca espanhola Desigual, nesse sentido, exaltou a relação da arte com a moda numa explosão de cores e estampas. Atenta aos consumidores dos trópicos, a grife catalã, que abriu há pouco mais de um ano sua primeira loja no Brasil, jogou cor em vestidos, blusinhas e saias midi influenciadas pelo sol do Mediterrâneo.

Sob a batuta do estilista francês Christian Lacroix, a marca de jeanswear explora um prét-à-porter que mistura elementos das indumentárias africana e oriental com pinceladas da estética da tapeçaria barroca.


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