Folha de S. Paulo


'Gordinho gostoso do Brasil' lança o arrocha ostentação

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O que é que o baiano tem? Se você perguntar a Neto LX, ele vai ajeitar o paletó italiano de elastano brilhante, estalar os dedos ornados com quatro anéis de ouro na mesma mão (um para cada letra do seu nome) e enumerar:

Um hit reproduzido por Ivete Sangalo, Gusttavo Lima e Claudia Leitte, contrato recém-fechado com a Som Livre, equipe com 30 funcionários a seu dispor, um cachê que chega a R$ 150 mil e dois carrões importados –não revela as marcas "para não fazer patrocínio de graça".

Tem também um filão musical que cunhou, o arrocha ostentação, união do ritmo baiano com o funk fissurado em grifes e vida boa. Só ostentar que vira "luxar" no vernáculo de Neto LX –seu sobrenome artístico, aliás, é uma abreviação para "luxo".

Adriano Vizoni/Folhapress
Neto LX posa no saguão de um hotel na rua Augusta
Neto LX posa no saguão de um hotel na rua Augusta

O que o baiano mais tem, contudo, que faz dele candidato a próxima grande sensação do Carnaval brasileiro, é algo que a maioria de nós possui também. Banha. De sobra. E com muito orgulho.

Há quatro anos, o músico de 26 anos percebeu que suas medidas espichavam no compasso da sua conta bancária.

Hoje, com 110 kg e 1,80 m, o autointitulado "gordinho mais gostoso do Brasil" não só sente o peso da fama, como é obrigado a mantê-lo.

Caso emagreça, quem o levará a sério ao cantar "eu não sou Friboi, mas tô na moda" e "não frequento academia, mas as novinha pira em mim"? Com os versos de "Gordinho Gostoso", Neto defende a honra daqueles que cansaram "do estereótipo de beleza do cara malhado".

"A maioria, quer queira, quer não, é gordinha", diz. Mais sílfides são as dançarinas que chacoalham a beleza ao lado de Neto, no clipe gravado no Club A, boate paulistana do apresentador Amaury Jr.

Com chapéu panamá e gola sobreposta sobre o terno, Neto saúda os espectadores "do papai": "É muita luxúria. A felicidade de vocês, mulheres, tá aqui no meu bolso".

Neto tem dez formas diferentes de passar a mesma mensagem, que pode ser resumida assim: "Quero levantar a autoestima para meu público". Você a assimila enquanto tenta adivinhar quanto pesa o pingente de coroa, pendendo de sua corrente de ouro "verdadeiríssimo" (provavelmente algo entre um saco de feijão e uma modelo da São Paulo Fashion Week).

Conhecido por apelidos como "Rabicó", Elmiro Costa Ferreira Neto por pouco não dispensou "Gordinho Gostoso". Um amigo lhe apresentou a música, e ele ficou meio assim no começo. "Poxa, cara, vou cantar isso, e a galera vai zoar com a minha cara", reproduz sua resposta inicial.

Mudou de ideia e de vida. Ele, que já fazia barulho no circuito nordestino, viu seu hit viralizar Brasil afora. Na internet, encontra-se versões que vão do camarada no vaso sanitário a policiais balançando a pança no quartel.

Ao exaltar quem não vê graça quando o garçom pergunta se a Coca é normal (como se a Zero fosse uma alternativa...), Neto traça um paralelo entre ele e aquele cantor que só queria chocolate.

"Tim Maia é uma inspiração de gordinho famoso e gostoso. No Carnaval, quero sair fantasiado como ele."

Outro plano para a folia momesca: desbancar o sofredor Pablo ("Homem Não Chora") e emplacar a ode às gordurinhas como o novo "Ai, Se Eu Te Pego" da estação.

NA GRINGA

A opulência aparece sobretudo no estilo de vida que Neto canta. É o tal do arrocha ostentação, que rende letras como "Vida Mais ou Menos" ("vem beber uísque, vem ver como rico vive") e "Férias em Las Vegas" ("mandei um WhatsApp pro coroa, e ele transferiu um milhão pra minha conta em Dubai").

Neto só saiu do país uma vez, para "estourar o limite do cartão em Miami". Isso mudará: seu próximo clipe será gravado em Dubai.

Beijo (no ombro) do gordo.


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