Folha de S. Paulo


Crítica: Em crise, Tim Burton é salvo por atuação de Amy Adams

"Grandes Olhos", de Tim Burton, conta a história de Margaret Keane (Amy Adams), pintora cujos quadros mostravam crianças de olhos grandes e feições sérias, desde o momento em que larga o primeiro marido e foge com a filha para San Francisco, em 1958.

Por ingenuidade e insegurança como mãe solteira em tempos de preconceito, ela se casa com Walter Keane (Christoph Waltz), picareta que assume a autoria dos quadros e fica famoso no lugar dela.

Na superfície, não vemos muito do universo de Tim Burton, a não ser no fato de que ele colecionava quadros da pintora, e no título, que remete a um de seus filmes menos felizes, "Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas".

Divulgação
Christoph Walts e Amy Adams em cena de 'Grandes Olhos'
Christoph Walts e Amy Adams em cena de 'Grandes Olhos'

O adjetivo combina com sua tendência de amplificar características dos personagens. Mas a verdade é que Burton não realiza um "grande" filme desde o incompreendido "O Planeta dos Macacos" (2001).

Sua marca está em algumas entrelinhas: na música de seu parceiro usual Danny Elfman, na preferência pelos quadros mais melancólicos de Margaret, na crítica ao "american way of life".

Há um momento de delírio que é bem a cara do diretor: Margaret está no supermercado e todos a encaram com olhos iguais aos das pinturas.

Não seriam, contudo, elementos fortes o suficiente para segurar um longa, ainda mais vindos de quem já nos deu "Edward Mãos de Tesoura" (1990) e "Ed Wood" (1994).

Mas há um trunfo inegável, mais forte, neste caso, que qualquer marca autoral: Amy Adams. Sua presença é tão luminosa que faz com que o filme seja mais do que o trabalho de um autor em crise.

GRANDES OLHOS
(BIG EYES)
DIREÇÃO Tim Burton
ELENCO Amy Adams, Christoph Waltz e Krysten Ritter
PRODUÇÃO EUA/Canadá, 2014, 12 anos
QUANDO estreia nesta quinta (29)
AVALIAÇÃO bom


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