Folha de S. Paulo


Meio teatral lamenta a morte da atriz Maria Della Costa

A atriz de teatro Maria Della Costa morreu aos 89 anos, no final da tarde deste sábado (24), às 18h34, no hospital Samaritano, em Botafogo, zona sul do Rio. As causas da morte não foram divulgadas pela unidade.

A previsão é de que o velório da artista seja realizado neste domingo (25) no Theatro Municipal, centro da cidade.

Ney Latorraca, ator

"Era muito amigo da Maria. Trabalhei com ela duas vezes, fiz "Bodas de Sangue" em 1973, com direção do Antunes Filho, e depois "Estúpido Cúpido". Fiquei muito amigo dela.

Ela é uma pessoa muito importante pra nossa classe. O currículo da Maria é muito importante. Ela é tão importante quanto o Oficina, o o Teatro Opinião. Ela traz um repertório muito grande.

Ela fez "Depois da Queda", do Arthur Miller, com direção do Flávio Rangel, com o Paulo Autran. Era um escândalo. Como Maggie, ela aparecia em janelas, entradas —o Paulo gritava e ela em cada lugar aparecia com uma roupa diferente. O teatro vinha abaixo."

A Maria era uma pessoa doce, não era uma estrela à moda antiga, pelo contrário, mulher moderna, simpática, agradável, forte e linda. Levou nosso teatro para mundo inteiro, de navio, ela levou para a China! Uma loucura. É outro nível. É outro departamento. Isso não vai existir mais. Falei com ela no telefone semana passada. Era uma gaúcha poderosa e linda.

Tânia Brandão, crítica de teatro e autora do livro "Uma empresa e seus segredos: Companhia Maria Della Costa (1948-1974)"

"A Maria Della Costa é uma das referências da identidade do teatro brasileiro de hoje. Ela causou polêmica, porque era muito bonita —foi abençoada pelos deuses—e começou como modelo. Ela foi uma das primeiras mulheres que passaram do mundo da moda para o teatro.

Ela criou uma companhia com o marido, Sandro Polloni, que foi a mágica que permitiu que o teatro brasileiro sobrevivesse: um teatro que faz montagens densas, sérias, intercaladas com peças comerciais, de bilheteria.

Foi ela que lançou a Fernanda Montenegro para o estrelato, cedendo o papel para ela em "A Moratória", do Jorge Andrade. Era uma mulher de uma grandeza, de uma doação admirável para o teatro"


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