Folha de S. Paulo


Reality shows vivem queda de audiência e repercussão na TV

A televisão oferece hoje um cardápio de reality shows mais variado do que nunca. Só na categoria romance, no ano passado estrearam um programa nudista de namoro e um em que garotas disputavam a preferência de um sósia do príncipe Harry. A audiência e a relevância do gênero, porém, vai de mal a pior.

Mesmo formatos consagrados como o musical "American Idol", que em 2004 teve um só episódio visto por 28,8 milhões só nos EUA, têm decepcionado. Em sua última temporada, chegou à marca de 10,5 milhões. E mais: é um programa pouco comentado por críticos e espectadores.

Sem novos sucessos desde "The Voice", de 2011, a TV americana busca se reinventar. Canais como Bravo e E!, dedicados aos reality shows, começaram a produzir suas primeiras séries de ficção.

Por aqui, o "Big Brother Brasil", que revelou nomes como Grazi Massafera e Sabrina Sato, não gera há quase uma década o burburinho do início. Um teste: tente nomear pelo menos um dos últimos três vencedores.

A audiência tampouco anima: a última edição do "BBB" teve o pior desempenho da história, com média de 21,7 pontos em São Paulo. Cada ponto equivale a 67 mil domicílios na Grande SP. Em 2005, no auge, marcou 47,5.

Na Record, a situação é semelhante. Seu principal reality, "A Fazenda", registrou em dezembro seu pior desempenho em finais. O último capítulo da sétima edição fez 10 pontos, contra 21 da final do programa de estreia, em 2009.

Segundo Paulo Franco, superintendente artístico e de programação da Record, no entanto, o reality ainda é considerado um sucesso pelo canal. "A avaliação é a melhor possível, por isso a edição deste ano está garantida."

"O brasileiro adora um reality show. Não é uma opinião minha, as pesquisas que fazemos apontam isso", afirma.

Claudio Santos, vice-presidente de superintendência comercial da RedeTV!, também avalia positivamente o desempenho do reality show que estreou no ano passado no canal, "The Bachelor", em que mulheres disputam a preferência de um solteiro.

Além de fazer uma segunda temporada de "The Bachelor", o canal estuda a possibilidade de trazer à grade outros realities. "Toda TV no mundo tem esporte, jornalismo, entretenimento, dramaturgia e realities. Para a nossa está faltando esse pilar, e é uma das áreas focos em que devemos ter novidades no futuro."

O destaque positivo entre os realities no Brasil foi a competição culinária "Masterchef", que estreou no ano passado na Band e registrou média de 5 pontos de audiência, bom índice para o canal.

Diferente do "BBB" e de "A Fazenda", "Masterchef" não é só um reality, como destaca Diego Guebel, diretor-geral de conteúdo da Band: há também um elemento de talento, mais importante que corpos sarados e barracos.

Guebel conta que a emissora tem a intenção de estrear mais misturas de reality e "talent". "Existem 'talents' na TV desde o começo dela. Esse tipo de programa não vai deixar de existir."

Como "Masterchef", os melhores do formato na TV brasileira hoje são os que acrescentam a demonstração de habilidades à fórmula, como as disputas musicais "Superstar" e "The Voice Brasil", ambos exibidas na Globo.

Embora a audiência deste também tenha caído –a final, em dezembro, marcou 22 pontos em São Paulo, cinco a menos que a edição anterior– o programa continua gerando bastante discussão, ainda que, em grande parte, pelo figurino de Claudia Leitte.


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