Folha de S. Paulo


Artista relaciona crise europeia e ditadura no país em mostra no Rio

Desde que despontou na cena artística nos últimos anos, Vijai Patchineelam ataca em suas obras o que chama de cinismo na arte contemporânea, de artistas que acabam desmontando o impacto de suas obras com uma atitude também cínica em relação ao mundo, levando ao esvaziamento dos próprios trabalhos.

É com esse tom niilista que Patchineelam, filho de um indiano e de uma brasileira, faz sua estreia agora no Museu de Arte Moderna do Rio. Ex-assistente do artista Carlos Zilio, ele retoma uma obra clássica do artista em diálogo com um livro que fez no ano passado e um vídeo gravado no Rio e em partes da Europa.

No MAM, está a instalação "Equilíbrio I, II e III", de Zilio, em que tábuas de madeira atravessadas por pequenas serras de metal se equilibram com certa dificuldade sobre o chão do museu, uma alusão aos anos de chumbo no Brasil –a obra foi montada pela primeira vez, no mesmo museu, em 1977.

Enquanto isso, o vídeo de Patchineelam revê as manifestações na ressaca da crise econômica europeia, filmando não os protestos mas os lugares vazios por onde as marchas passaram em Estocolmo, além de um debate com ativistas –que só aparecem de costas– em Maastricht, na Holanda.

Nesse sentido, o artista une dois momentos históricos, o Brasil da ditadura e a Europa atual em plena estagnação econômica e surtos de xenofobia, para traçar um panorama ao mesmo tempo cínico e minimalista de um estado generalizado de desesperança.

"Ele mostra os lugares vazios, becos e estradas, mas sempre ao som das manifestações", descreve Marta Mestre, curadora do MAM do Rio. "Tudo gira em torno da nossa capacidade de imaginar o futuro, atuar sobre o mundo."

VIJAI PATCHINEELAM
QUANDO abre nesta quarta (14), às 16h; de ter. a sex., das 12h às 18h; sáb. e dom., das 12h às 19h; até 1º/3
ONDE MAM Rio, av. Infante Dom Henrique, 85, Rio, tel. (21) 3883-5612
QUANTO R$ 14


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