Folha de S. Paulo


RuPaul estreia 7ª temporada de reality show e celebra coragem de participantes

"Nascemos nus, o resto é drag", canta a artista norte-americana RuPaul, 54, na canção "Born Naked".

Os versos parecem traduzir o estilo e o legado da estrela do mundo drag –termo que designa homens que se travestem de mulher em performances. Desde 2009, ele está à frente do reality show "RuPaul's Drag Race", exibido no país pelo serviço de TV sob demanda Netflix.

Em sua sétima temporada (estreia em 26/1 nos EUA e chega ao Brasil ainda em 2015), a atração é uma competição em que participantes disputam a coroa de "próxima superstar drag". Ganha quem mostrar mais "carisma, singularidade, determinação e talento" nas provas de costura, atuação e "montação". As provas transformaram o programa em fenômeno onde é exibido.

Mathu Andersen/Divulgação
RuPaul, que comanda concurso para escolher próxima estrela drag
RuPaul, que comanda concurso para escolher próxima estrela drag

A Netflix não fornece dados de audiência, mas é possível perceber que a atração caiu no gosto brasileiro pelas festas em homenagem à atração e as turnês de ex-participantes pelas capitais do país.

"Sério?", surpreende-se RuPaul, aos risos, quando a reportagem explica que haverá sete shows de suas "afilhadas" no Brasil de janeiro a março de 2015. "Esperava sucesso nos EUA, mas jamais imaginei que virasse hit mundo afora", diz à Folha, por telefone.

Na conversa, ele –fora dos palcos, RuPaul pede para ser chamado no masculino– confirmou a versão inglesa do programa, disse que está negociando uma edição alemã e contou que adoraria produzir um "Drag Race" brasileiro.

"Estive no Rio de Janeiro no Carnaval de 1996 e adoraria voltar. Me diverti muito!", relembra. "[Os brasileiros] são as pessoas mais bonitas que já vi na vida", completa.

O sucesso, os fãs célebres –Scarlett Johansson e Lady Gaga são espectadoras declaradas – e os contratos publicitários obtidos pelas participantes, porém, não mudam sua crença de que o drag ainda é uma cultura underground e deve permanecer assim.

"Mesmo no mainstream, o drag tem um quê de politicamente incorreto", comenta.

SUPERMODEL

RuPaul Andre Charles, seu nome de batismo, cresceu em San Diego (EUA) como um garoto obcecado pelo trio pop e soul The Supremes, liderado pela cantora Diana Ross.

Em 1987, ele se mudou para Nova York, onde se firmou nos clubes locais e conseguiu uma ponta no clipe "Love Shack", do B-52's. O sucesso veio com o disco "Supermodel of the World", de 1992.

Até a estreia de "Drag Race", RuPaul estava relegado à memória do início dos anos 1990. "Agora vivo o auge da minha carreira, como vivi."

Apesar de estar há sete anos no ar, "mama Ru", como é chamada pelas competidoras, diz que só agora o programa teve suas primeiras filhas. "Pela primeira vez, as concorrentes cresceram vendo 'RuPaul's Drag Race'. Elas entendem a linguagem e são competitivas de um jeito inédito."

A troca de farpas entre as "queens" rende momentos hilários. Mas por trás dos comentários ácidos, o programa retrata histórias de superação e de preconceitos contra as participantes, que, na maioria das vezes, não tiveram uma vida cor-de-rosa.

"O programa é sobre as pessoas não terem medo de ser quem são, celebrando quem luta para fazer o melhor e superar as próprias limitações", conta. O resto é drag.

NA TV
RuPaul's Drag Race
Temporadas 1 a 6 no serviço de vídeo sob demanda Netflix


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