Folha de S. Paulo


'Patenteei', diz dona de loja de mesmo nome no Bom Retiro

O caso de cópias de nomes e logotipos de grifes famosas na região do Bom Retiro, no centro de São Paulo, é tratado com desconfiança tanto pelos clones quanto pelas grifes clonadas.

"A marca não irá se pronunciar" foi a mensagem mais recorrente nos e-mails enviados pelas grifes originais em resposta aos pedidos de entrevista da Folha. Já os gerentes das lojas dizem não ter localizado os donos dos pontos no Bom Retiro para responder aos pedidos de entrevistas.

A maioria deles é coreana, e os gerentes colocam a diferença de idioma como motivo para a recusa.

Editoria de Arte/Folhapress
‘WANNA BE’As marcas e seus clones
‘WANNA BE’As marcas e seus clones

Apenas a loja de tecidos Liberty, que tem alcunha igual e logo similar aos da grife de tecidos inglesa, e a Aéropostale americana comentaram as analogias.

"O nome da nossa loja foi pensada após consulta com amigos e vendedores. Tinha vários nomes para escolher, e decidimos por Liberty", diz a empresária Andrea Lombardi. Há um ano e meio, ela abriu o espaço ao lado de suas outras duas lojas de tecidos, a Flamingo Têxtil e a Lumiere Têxtil.

"A razão social é diferente. O nome fantasia da loja eu patenteei e registrei no Brasil", diz. No país, no entanto, não é possível patentear nomes de loja, segundo advogados ouvidos pela Folha.

'NÃO ACEITAMOS'

A Aéropostale afirma desconhecer a versão brasileira do seu nome. "Nós temos nosso próprio time de design e não aceitamos criações não autorizadas dos nossos produtos", disse um porta-voz da marca americana.

Segundo o diretor da Câmara dos Dirigentes Lojistas do Bom Retiro, Nelson Tranquez Jr., o órgão desconhecia tantas marcas similares, mas admite que já havia percebido o movimento de cópias de nomes nas lojas.

"Não podemos fazer nada. Nosso papel é orientar e desenvolver o comércio dos nossos associados, uma parcela pequena dos 1.700 pontos que existem no bairro. É claro que existe conflito e, em algum momento, essas lojas podem ter problemas", diz.

PROCESSO

Para a advogada Mariana Valverde, especializada em direito de moda, "as grifes precisam avaliar se os clones causam concorrência desleal e se vale a pena arcar com o desgaste de um processo".

A advogada Michelle Hamuche explica que, em caso de processo, serão comparados o nome, o logo, o tipo de produto e a área de atuação da grife. "Essa questão é tão séria que pode impedir que uma grife se instale no país com rapidez. Há pessoas que viajam, colhem nomes conhecidos e registram no Brasil só para negociar' o repasse do nome", diz ela.


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