Folha de S. Paulo


Maestro Isaac Karabtchevsky comemora 80 anos em dois concertos

Quando subir ao pódio da Sala São Paulo neste domingo (21), às 17h, para reger a "Sinfonia nº 2 "" Ressurreição", de Mahler, no concerto comemorativo de seus 80 anos, Isaac Karabtchevsky verá, mentalmente, um "caleidoscópio" de sua vida.

"Essa música me faz lembrar de todos os meus momentos de alegria, tensão, distensão, e traz todas as perguntas que Mahler formula sobre o sentido da vida ", diz o maestro, que faz aniversário no próximo dia 27, e que terá, diante de si, as duas orquestras nas quais é o titular: Sinfônica Heliópolis e Petrobras Sinfônica, do Rio.

Os músicos serão acompanhados pelo Coral Cultura Inglesa, pela soprano Lina Mendes e a mezzo-soprano Edneia de Oliveira. O concerto será repetido na segunda (22), às 20h, no Theatro Municipal do Rio.

Karime Xavier/Folhapress
Isaac Karabtchevsky durante ensaio para as apresentações de Mahler
Isaac Karabtchevsky durante ensaio para as apresentações de Mahler

Foi à segunda sinfonia de Mahler (1860-1911) que o maestro se apegou durante os quatro anos de luta contra o câncer que levou sua filha Ilana em 1981, aos 11.

Também foi essa a obra conduzida por ele num concerto na basílica de San Marco, em Veneza, que simbolizava o engajamento pela retomada do teatro La Fenice, na cidade italiana, destruído por um incêndio em 1996. Na época, o maestro era seu diretor artístico.

"Eu sou um fanático", diz Karabtchevsky, que reestuda minuciosamente as partituras, mesmo já tendo regido essas obras.

Em um ensaio da Heliópolis acompanhado pela Folha em novembro, ele disse essa frase como argumento para que o grupo repetisse um trecho de "Choros nº 6" de Villa-Lobos (1887-1959), que ele já considerava bem feito.

Filho de imigrantes russos (a mãe era cantora de ópera), começou a estudar oboé aos 15 anos –tarde para os padrões da música clássica.

SEM VIDA SOCIAL

"Eu me autocastrei", diz Karabtchevsky, lembrando que abandonou a vida social. "Era preciso recuperar o tempo perdido."

Em sua carreira de maestro, sucedeu Eleazar de Carvalho (1912-1996) no comando da OSB (Orquestra Sinfônica Brasileira), em 1969, onde ficou por 26 anos.

Ali, realizou o projeto Aquarius, com concertos gratuitos em locais públicos do Rio e que em 1986 chegou a levar 200 mil pessoas à Quinta da Boa Vista numa récita da ópera "Aída", de Verdi.

Também foi titular na Tonkünstler Orchester de Viena (1988-1994), no Teatro La Fenice (1995-2001) e na Orchestre National des Pays de Loire (2004-2010), na França.

Em 2009, o jornal britânico "The Guardian" o apontou como um dos ícones vivos do Brasil. "O Isaac é, por consenso, o maior regente brasileiro da atualidade", diz o diretor artístico da Osesp, Arthur Nestrovski.

Em fevereiro, fará sua estreia na Sapucaí, no Rio, desfilando na Unidos de Vila Isabel, que o elegeu tema do Carnaval. "Estou ansioso", diz.

SINFÔNICA HELIÓPOLIS E PETROBRAS SINFÔNICA
QUANDO domingo (21), às 17h, em São Paulo; segunda (22), às 20h, no Rio
ONDE Sala São Paulo. pça. Júlio Prestes, 16, tel. (11) 3223-3866; Theatro Municipal do Rio, pça; Floriano, s/nº, tel. (21) 2332-9191
QUANTO SP: R$ 40 (ingressos esgotados); Rio: de R$ 20 a R$ 96
CLASSIFICAÇÃO 7 anos


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