Nesta segunda (8), Jo Nesbo estará no Teatro Eva Herz da Livraria Cultura do Conjunto Nacional, na av. Paulista, 2.073, às 19h. O escritor será sabatinado pela repórter da Ilustrada Karla Monteiro e pelo jornalista Rodolfo Lucena. A entrada –gratuita– será por ordem de chegada.
Da Colômbia, onde lançava o "O Leopardo", o escritor Jo Nesbo falou por telefone à Folha.
Jorn H Moen/Divulgação | ||
Jo Nesbo, que já foi jogador de futebol e astro do rock |
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Folha - Você era bom de bola?
Jo Nesbo - Eu tinha bastante esperança como jogador. Mas, quando não pude mais jogar, fiquei perdido.
E aí você resolveu virar um "rock star"?
Primeiro, resolvi estudar. Fui fazer economia. Achava tudo aquilo chato, então comecei a escrever letras de músicas para uma banda.
A Di Derre?
A Di Derre veio depois. Montei a banda com o meu irmão e amigos. Eu não tocava nada. Tinha acabado de conseguir uma guitarra e me empurraram também para o microfone. Ninguém gostava da gente. A banda trocava o nome toda semana para que as pessoas achassem que era uma banda nova. Aí um cara de uma gravadora apareceu.
O segundo álbum, "Jenter & Sann", foi o mais vendido da Noruega na década de 90...
Eu trabalhava no mercado financeiro e não estava a fim de largar o emprego. Por alguma razão não queria pagar o aluguel com rock'n'roll. Em 1997, chegamos a fazer 180 shows. No final da turnê, fugi para a Austrália.
Foi aí que começou a escrever livros?
Antes de viajar, uma amiga editora me disse: por que você não escreve algo para a gente? Harry Hole nasceu no voo entre Oslo e Sydney.
Em "O Leopardo", Harry Hole cita Bukowski, leu John Fante, é fã de Joy Division e Deep Purple. Ele é você?
Essa é a vantagem de ser escritor. Você pode promover quem você gosta na cultura pop. E você pode dizer que "Coração Valente", com o Mel Gibson, que ganhou o Oscar em 1996, é o pior filme de todos os tempos.
E qual é o melhor?
"O Poderoso Chefão".
Harry Hole é um voraz consumidor de drogas e álcool. Também é parte da sua experiência pessoal?
Bom... Eu tocava numa banda de rock nos anos 90.
Por isso a pergunta...
Para criar um herói, você tem que muni-lo de conflitos. Ele tem de ter demônios. Numa banda de rock você convive com muita gente cujo demônio é o vício em drogas e álcool. Neste sentido, ele é parte da minha experiência.
Você estudou psicologia, a mente de psicopatas?
Eu me interesso por tudo que não entendo. E acho muito difícil entender a maldade humana. Tive um colega que gostava de cortar as asas dos insetos. Eu me perguntava: o que se passa na cabeça desse sujeito? Mas eu também ficava curioso para ver o que o inseto ia fazer sem asas. A semente da maldade existe em todo ser humano.
Qual o seu próximo projeto?
Estou escrevendo um livro em que os personagens saem de "Macbeth", a tragédia de Shakespeare.