Folha de S. Paulo


Com 'Hamlet', grupo do teatro de Shakespeare se apresenta em SP

Shakespeare é o dramaturgo mais célebre do globo. De seu tempo. De todos os tempos. E está prestes a bater o próprio recorde de popularidade. Desde abril deste ano, o Globe Theatre, companhia inglesa sediada no teatro de Shakespeare, iniciou uma aventura sem precedentes.

Para comemorar os 450 anos do nascimento do autor inglês, a trupe concebeu a maior turnê de teatro do globo. De seu tempo. De todos os tempos: com uma versão de "Hamlet" em inglês, com legendas, a companhia terá percorrido, até abril de 2016, 205 nações em dois anos, ou seja, o mundo inteiro.

Siim Vahur/Divulgação
Hamlet' ao ar livre, em Tallinn, Estônia, em apresentação do Globe Theatre em maio deste ano
'Hamlet' ao ar livre, em Tallinn, Estônia, em apresentação do Globe Theatre em maio deste ano

"É a primeira vez na história que acontece uma turnê deste tamanho. Queremos celebrar o aniversário de Shakespeare e também estender o poder de alcance deste artista, que já é maior do que o de qualquer outro dramaturgo da história", disse Dominic Dromgoole, diretor artístico do Globe, para a Folha.

Intitulada Hamlet Globe to Globe, a turnê mundial ainda não atingiu um quarto do roteiro, mas já percorreu cerca de 50 países. Ocupou espaços convencionais e alternativos. "Hamlet" já mudou a vista de uma praia em Barbuda e incorporou palmeiras em cena.

Ocupou anfiteatros gregos em Bitola, Macedônia e na Ilha de Chipre, redimensionou a praça principal de Marrakesh, e se apresentou em frente à Catedral de Yucatán, igreja mais antiga do continente americano, em Mérida, no México.

Em São Paulo, a peça imortalizada pela expressão "ser ou não ser" poderá ser vista em três apresentações nesta semana no Sesc Pinheiros, a partir desta terça (25/11). Depois, no Rio (dias 30/11 e 1º/12, na Cidade das Artes) e em Belo Horizonte (3 e 4/12, no Sesc Palladium).

O elenco se reveza entre os diversos personagens da peça. "Interpreto 12 papeis no total. Algumas noites chego a fazer três personagens", contou o ator Matthew Romain. Segundo ele, a rotatividade garante maior entendimento da obra, além de vitalidade à montagem. "É uma boa maneira de o espetáculo manter seu frescor", disse.

ADAPTAR

Com cenário simples, formado por malas e contêneires, o Hamlet "sem firulas" do Globe é facilmente acomodável. "A ideia é conseguirmos nos adaptar sempre", sintetizou Dromgoole, que se empenha em ampliar o território de Shakespeare desde 2012.

Nessa ocasião, festejando os Jogos Olímpicos em Londres, o teatro sediou o festival Globe to Globe, em que 37 países revisitaram a obra de Shakespeare durante seis semanas -incluindo "Romeu e Julieta", do grupo Galpão.

Especialista em Shakespeare, o cultuado encenador inglês Peter Brook não se surpreendeu com a escolha da peça eleita para a maratona.

"Qualquer pessoa se identifica com os personagens dessa obra, suas dores e questões", afirmou.

A saga empreendida por Hamlet, príncipe da Dinamarca, para se vingar do assassinato do pai ressoa em todos aqueles que se questionam sobre o futuro da humanidade.

"Os temas -relação familiar, revolta e depressão- são universais. Basta ter alma inquieta, sentir-se deslocado no mundo e desejar um novo futuro para encontrar um Hamlet dentro de si", disse Dromgoole. Eis a questão.

HAMLET
Quando ter. (25/11) a qui. (27/11), às 20h
Onde Teatro Paulo Autran - Sesc Pinheiros, r. Paes Leme, 195, tel. (11) 3095-9400
Quanto R$ 15 a R$ 50
Classificação 14 anos


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