Folha de S. Paulo


Vendedores ambulantes lucram com filas para ver Ron Mueck

Milho cozido, açaí, cachorro-quente, pipoca, sanduíche natural, churros, cerveja gelada, a porta da Pinacoteca do Estado, no centro de São Paulo, foi tomada por dezenas de ambulantes durante todo o sábado.

E havia quem estivesse reclamando da queda nos lucros no terceiro dia de fila gigante para ver as igualmente gigantes esculturas do artista australiano Ron Mueck.

"Ontem tinha menos camelô, eu vendi R$ 2.300,00. Hoje, olha isso, virou sacanagem. Vendi até agora R$ 1.100,00", disse Fabiano Leite, 30, com o isopor contendo água, refrigerante e cerveja já quase vazio. "Trabalho aqui há mais de três anos. Não me lembro de ter visto fila igual."

Karime Xavier - 20.nov.2014/Folhapress
Visitantes observam e fotografam escultura de Ron Mueck na quinta (20)
Visitantes observam e fotografam escultura de Ron Mueck na quinta (20)

Com entrada grátis, o sábado não bateu o recorde de público como esperado: 6.052 mil pessoas. Na quinta (20), dia da abertura da exposição, foram cerca de oito mil visitantes.

Pela manhã, a espera média era de duas horas. No final da tarde, o tempo na fila caiu para 40 minutos. Senhas foram distribuídas até as 16h. A partir de então, só quem já estava aguardando pode entrar.

A família Elias, de Interlagos, foi a última a ganhar o passe para a disputada exposição.

"A gente viu na televisão e ficamos doidos para ver. Mas, olhando esta fila, está dando muita preguiça. A pequena já quer desistir", comentou a dona de casa Ilma Reis Elias, 44, acompanhada do marido, da sobrinha e da filha de nove anos.

Ao contrário do que aconteceu na sexta-feira, quando a fila foi redirecionada para dentro do Parque da Luz, no sábado, ela serpenteava pela calçada da avenida Tiradentes.

Os ambulantes organizaram uma barricada, que começava no portão da Pinacoteca e se estendia até o último visitante.

"Não trabalho aqui direto, não. Passei de ônibus ontem e vi o movimento. Hoje eu vim. Meu ponto é no Brás. Tem muito marreteiro, o lucro nem está lá essas coisas", disse o pipoqueiro Marco Antônio Silva, de 44 anos, que vendeu cerca de R$ 500.


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