Folha de S. Paulo


Obras de arte mais baratas lideram crescimento do mercado; veja vídeo

Na última feira Parte, há duas semanas, o empresário Henrique Noya se apaixonou por uma escultura. Decidiu comprar na hora, parcelada em três vezes no cartão de crédito, a obra de R$ 9.500.

"Não posso dizer que tenho uma coleção ainda", dizia. "A gente se mudou para um apartamento maior e queria coisas bacanas para decorar", emendava sua mulher, Violeta.

Em feiras com obras mais baratas, em que trabalhos custam em média R$ 7.000, esse comportamento se repete cada vez mais. Organizadores da Parte estimam ter movimentado mais de R$ 4 milhões, 20% a mais do que no ano passado.

É um crescimento superior ao das galerias mais estabelecidas, que embora tenham registrado uma expansão de 27,5% no ano passado, segundo dados da Abact, associação que representa essas casas, deverá encerrar 2014 com um aumento abaixo de 20%, também de acordo com projeções do mesmo grupo.

Veja vídeo

Desde que surgiu há quatro anos, a Parte já dobrou de tamanho e turbinou o surgimento de eventos parecidos pelo país, como a Artigo, no Rio, e uma feira que o Memorial da América Latina abre em dezembro. Também alavancou a esfera virtual, sinalizando que esse segmento mais popular tomou a dianteira do mercado.

"Tem gente que vem e faz um rapa', levando cinco obras de uma vez", conta Lina Wurzmann, uma das diretoras da Parte. "São pessoas que têm poder aquisitivo, mas não têm hábito de comprar. É uma questão de treino do olhar."

'GOSTOU? COMPRA'

Também é questão de perder o receio de entrar numa galeria de arte. Nesse ponto, as lojas on-line, em que clientes compram obras de até R$ 6.000 sem ser intimidados pela rispidez que reina no meio, vêm crescendo no país.

Uma das maiores delas, a DemocrArt, está há quatro anos na esfera virtual e cresceu tanto que planeja abrir cinco galerias físicas em três capitais do país em 2015, esperando dobrar o faturamento anual de R$ 3,5 milhões.

Outras galerias virtuais, como a Conectearte e a Turn To Art, também relatam vendas bem acima das expectativas.

Elas ilustram a consolidação de um fenômeno que já vingou no exterior. Um relatório recente da seguradora britânica Hiscox calculou que o mercado global de arte on-line movimentou R$ 4,2 bilhões no ano passado e deve chegar a R$ 9,8 bilhões nos próximos quatro anos.

De acordo com o mesmo estudo, a porta de entrada para esse mercado são gravuras e serigrafias em edições limitadas. São peças de menos de R$ 2.000 que atraem 55% dos colecionadores iniciantes —é o grosso do que vendem as novas galerias virtuais no país.

"Esses sites desmistificam a coisa", diz Fernanda Marochi, sócia do Turn To Art. "Mostra que arte pode ser acessível. Gostou? Compra."

Lalo de Almeida/Folhapress
Visitante na feira Parte
Visitante na feira Parte

Endereço da página:

Links no texto: