Folha de S. Paulo


Crítica: 'Jogos Vorazes' poderia ser 'Star Wars' da nova geração

A saga "Star Wars" teria o mesmo impacto se o capítulo final "O Retorno de Jedi" (1983) fosse dividido em dois? Essa questão se coloca hoje para fãs de franquias como "Harry Potter" e "Jogos Vorazes", cuja primeira parte do capítulo final estreia à 0h01 desta quarta (19).

"Jogos Vorazes: A Esperança "" Parte 1" finaliza a saga da jovem rebelde Katniss contra a opressão da Capital. Caso o estúdio tivesse optado por lucrar menos e feito apenas um filme derradeiro, é bem possível que a nova geração finalmente encontrasse seu "Guerra nas Estrelas".

O filme é repleto de ideias subversivas, mas sofre com a repetição dos temas, o que parece uma solução dos roteiristas para dividir um livro em dois longas com duas horas.

O filme é o primeiro sem os jogos, em que jovens se matam até que reste um. E como a batalha final ficou para o próximo capítulo, a obra foca na preparação para a guerra e a transformação definitiva de Katniss em símbolo de revolta popular contra o autoritarismo do presidente Snow.

O diretor Francis Lawrence gasta bem seu tempo mostrando como uma heroína relutante pode virar uma ferramenta de manipulação midiática nas mãos de políticos.

A obra transcende os limites do gênero e trafega num patamar acima. O diretor faz referências ao Holocausto, mas faz questão de mostrar a equipe de TV com a heroína para "capturar a raiva real".

O teor político com camadas anarquistas é raro num blockbuster. Há motivações, e não teorias vilanescas vazias. O longa chega perto de ser um perfeito filme pipoca, tenso e com conteúdo. Pena que o clima de penúltimo capítulo não permita isso.

JOGOS VORAZES: A ESPERANÇA - PARTE 1
("The Hunger Games: Mockingjay - Part 1")
DIREÇÃO Francis Lawrence
ELENCO Jennifer Lawrence, Philip Seymour Hoffman, Julianne Moore
PRODUÇÃO EUA, 2014; 14 anos
AVALIAÇÃO bom


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