Folha de S. Paulo


Veja a repercussão da morte do poeta Manoel de Barros

O poeta mato-grossense Manoel de Barros morreu nesta quinta (13), aos 97 anos, em Campo Grande.

Barros estava internado havia mais de uma semana na UTI do hospital Procon, na capital sul-mato-grossense, onde morava com a mulher, Stella, e a filha, Martha.

Ele era titular da cadeira nº 1 da Academia de Letras do Estado e havia publicado 18 livros de poesia, além de obras infantis e relatos autobiográficos.

Veja a repercussão de sua morte:

"Não era apenas um poeta, um recriador de um idioma que, depois dele, se tornou mais nosso. Manoel de Barros era um filósofo que pensava e repensava o mundo por via da poesia. Havia uma outra lógica que corremos o risco de perder se não forem vozes como as dele a recuperar. Essa lógica é a da oralidade, da infância e da irreverência. Manoel impôs o valor das pequenas coisas e dos inutensílios num tempo em que tudo se mede pela utilidade e pela rentabilidade. Mais que um poeta, ele foi poesia. E, por isso, não foi."
MIA COUTO, escritor moçambicano, autor do poema "Um Abraço para Manoel", dedicado a Barros.

"O Manoel de Barros percorreu um caminho muito interessante. Começou como um poeta formal, clássico, com uma poesia de dicção nobre, até chegar a uma poesia singular. Acho que a virada se deu com dois livros, "Gramática Expositiva do Chão", de 1966, e "Arranjos para assobio", de 1980. É como se ele tivesse feito uma visita secreta à Guimarães Rosa, pegado rascunhos e composto poemas singulares, muito curiosos, a partir de Rosa,"
ARMANDO FREITAS FILHO, poeta

"Quando ele surgiu, já surgiu como um clássico, um sábio. Deve se somar a isso o fato de que ele era um poeta muito integrado à natureza, que é um valor raro na poesia atual. Com a morte dele, isso deve permanecer e se consolidar",
EUCANAÃ FERRAZ, poeta e professor da UFRJ

"O Mato Grosso fica mais ralo com a perda dele. O Manoel de Barros é um poeta do cotidiano, das coisas pequenas. Ele volta ao chão, não morre"
JOCA REINERS TERRON, escritor, poeta e editor

"Manoel de Barros foi um nome incônico da poesia contemporânea brasileira. Tinha uma personalidade muito forte como poeta. Um estilo individual, próprio, que, sem dúvida, deixou uma marca. É uma figura de referência para todos os poetas e vai ficar na história,"
GERALDO HOLANDA CAVALCANTI, poeta e ensaísta, presidente da Academia Brasileira de Letras.

"Comecei a ler Manoel de Barros no teatro. Tive um professor que dizia que se conseguíssemos declamar Manoel de Barros o resto seria fácil. Ele é dono de uma linguagem muito específica, muito própria. O que fez com a língua parece criança brincando com as palavras. É tão puro, tem tanto estilo, tanta personalidade, tanta profundidade. E, ao mesmo tempo, conseguiu se tornar popular. Está naquela classe de poetas, como Bandeira e Quintana, que conseguiram encher estádios. Manoel De Barros jogou sobre o mundo um olhar fresco, novo, esvaziado do contemporâneo. Parece fora do tempo porque mora no eterno"
GREGÓRIO DUVIVIER, poeta, escritor, roteirista e ator.

"Um ator popular como Manoel de Barros é um bom exemplo de que a poesia não abandonou os leitores e os leitores também não abandonaram a poesia"
PAULO WERNECK, curador da Flip (Feira Literária de Paraty)

"Manoel de Barros é o poeta das criaturas ao rés do chão, aquele que melhor traduziu o distanciamento irremediável entre o homem e a natureza,"
MARÇAL AQUINO, roteirista e escritor

"Ele foi um inventor de linguagem, o que é raro. Conseguiu uma poesia a respeito das coisas inúteis, pequenas —as 'pré-coisas', como ele chamava. Nós perdemos um poeta muito importante, num tempo em que raream poetas dessa grandeza. Criou um novo território na literatura brasileira, trazendo o pantanal e os seres do pantanal. É uma tristeza. Nós todos estamos mais pobres, sobretudo a poesia brasileira,"
CARLOS NEJAR, poeta, tradutor e crítico brasileiro, membro da ABL.

"Levando o nome de Mato Grosso do Sul pelo país, Manoel de Barros divulgou as belezas e potencialidades do Estado enriquecendo assim, a história da literatura e a cultura do local que ele escolheu para viver ao lado de sua esposa", afirma a nota do governo.
ANDRÉ PUCCINELLI, governador de Mato Grosso do Sul, que decretou luto oficial de três dias em homenagem ao poeta, em nota.

"Com profundo pesar, cumprimos o doloroso dever de comunicar o falecimento, nesta quinta-feira (13/11), do nosso confrade poeta Manoel de Barros, que era o titular da Cadeira nº 1 da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras e possuía 97 anos de idade,"
ACADEMIA DE LETRAS DO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL, em nota.


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