Folha de S. Paulo


'Foi bonito ver um barracão crescendo ao meu redor', diz Nachtergaele

Apenas um ator poderia viver Joãosinho Trinta na cinebiografia dirigida por Paulo Machline: Matheus Nachtergaele. "Do momento da ideia até agora, jamais considerei outro ator", afirma.

De sua parte, Nachtergaele conta que aceitar o convite resultou em uma das experiências mais intensas de sua carreira. Leia trechos da entrevista que concedeu à Folha num hotel em São Paulo.

Folha - Paulo Machline diz que você era o único ator que tinha em mente para o papel. Como recebeu o convite?

Matheus Nachtergaele - Foi há alguns anos, não me lembro quando, em Manaus. Não o conhecia, e ele se apresentou: "Oi, sou o Paulo e quero te convidar para um filme sobre o Trinta". Fiquei honrado. Anos depois [2009], conheci o João na estreia do documentário que o Machline fez sobre ele, no Rio de Janeiro. Ficamos quatro horas juntos, tinha que aproveitar ao máximo esse momento. Ficamos de nos encontrar depois, mas não deu tempo.

Karime Xavier/Folhapress
Matheus Nachtergaele durante entrevista à Folha em um hotel de São Paulo
Matheus Nachtergaele durante entrevista à Folha em um hotel de São Paulo

Que impressão teve?

Ele desejou muito se tornar o Joãosinho Trinta. Era um esforçado que, sem nenhum atributo físico ou técnica refinada, conseguiu entrar para o balé do Municipal do Rio.

Como captou esse desejo?

Toda pessoa ligada à cena no Brasil sabe quem foi o Trinta e admira o que ele conseguiu dizer no carnaval, a liberdade do corpo que ele trouxe. Ele fez alguns desfiles antológicos, que mexeram com as estruturas da caretice.

Você fez balé para o filme?

Por uns quatro meses. Prometi um minuto de coreografia ao Paulinho, consegui 30 segundos. O resto foi um dublê.

A produção convidou carnavalescos para colaborar com a direção de arte. O elenco teve contato com os profissionais?

O tempo todo. Enquanto me concentrava para entrar no Joãosinho, participava do desenho, da maquete, da chegada do material. Foi bonito ver um barracão crescendo ao meu redor, como se eu estivesse fazendo mesmo aquilo e, a cada dia que chegava para filmar, o desfile crescia.


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