Folha de S. Paulo


Ana Luisa Escorel é a primeira mulher vencedora do Prêmio SP de Literatura

A escritora, designer e editora Ana Luisa Escorel, 70, foi a primeira mulher a vencer na categoria de livro do ano do Prêmio SP de Literatura, uma das principais premiações literárias do Brasil e a de maior valor.

Filha do crítica literário Antonio Candido, Escorel foi premiada pelo romance "Anel de Vidro" (Ouro Sobre Azul). O livro aborda a trajetória de dois casais envolvidos em uma trama de infidelidade.

"Esse prêmio abre três importantes precedentes. É a primeira vez que é dado a uma mulher, é a primeira vez que é dado a uma editora pequena e é a primeira vez que é dado a um autor tardio. Isso certamente servirá de estímulo", disse Escorel. Ela receberá R$ 200 mil.

Veronica Stigger, 41, autora de "Opisanie Swiata" (Cosac Naify) e Marcos Peres, 29, de "O Evangelho Segundo Hitler" (Record), levaram o troféu na categoria autor estreante –ele, estreante com menos de 40 anos. Cada um receberá R$ 100 mil.

Edson Lopes Jr./Divulgação
Veronica Stigger, Ana Luisa Escorel e Marcos Peres no Prêmio SP de Literatura
Veronica Stigger, Ana Luisa Escorel e Marcos Peres no Prêmio SP de Literatura

O romance de Stigger relata a viagem de um pai polonês rumo à Amazônia na década de 1930 para reencontrar o filho doente. Já o livro de Peres reinventa a história do nazismo a partir de um homônimo de Jorge Luis Borges.

Stigger dedicou o prêmio do romance "sobre destruição" às vítimas da violência policial, lembrando a pesquisa do IBGE sobre dados da violência divulgada na segunda-feira.

Já Peres, 29, vencedor do Prêmio Sesc de Literatura 2012/2013 pelo mesmo romance, brincou dizendo que não se vê como um escritor tardio: "Há muito tempo já sou publicado pela minha gaveta e levanto prêmios como este debaixo do chuveiro".

Os nomes foram anunciados em cerimônia no Museu da Língua Portuguesa na noite desta segunda-feira (10).

Além do anúncio dos premiados, a cerimônia contou com apresentação do músico e pesquisador Antonio Nóbrega, representante do Movimento Armorial e fundador do Instituto Brincante, que cantou músicas em homenagem aos escritores Ariano Suassuna, morto em julho, Euclides da Cunha e Guimarães Rosa.

"Hoje a festa é da literatura, me propus a pinçar no meu repertório músicas que glosem a literatura", disse.


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