Folha de S. Paulo


Crítica: Falta vida em 'filme de público' francês 'Grandes Amigos'

A explosão criativa das séries de TV, que devem parte de sua eficácia ao rígido controle da escrita, deu aos estreantes em cinema a falsa segurança de que a qualidade de um filme depende 100% de um roteiro.

A dupla francesa Stéphan Archinard e François Prévot-Leygonie em seu primeiro trabalho como roteiristas e diretores aplica em "Grandes Amigos" um receituário supostamente infalível do chamado "filme de público".

Para isso, os realizadores combinam tipos padronizados e situações genéricas. Três homens de meia-idade com perfis diferentes, mas não excludentes, formam um trio inseparável.

Divulgação
Da esq., Jean-Hugues Anglade, Gérard Lanvin e Wladimir Yordanoff em cena de 'Grandes Amigos'
Da esq., Jean-Hugues Anglade, Gérard Lanvin e Wladimir Yordanoff em cena de 'Grandes Amigos'

RECEITA

Walter é um superpai, Paul representa o tigrão, e Jacques é gay. O desenho de cada um visa oferecer ao público-alvo um espelho, superfícies nas quais ele possa se projetar sem precisar complicar com nenhum tipo de profundidade, para afinal não atrapalhar o lazer.

O problema maior desses tipos de filme-receita é que, apesar de eles pretenderem mimetizar a vida, em nenhum aspecto a vida pulsa neles.

Neles, tudo é tão preconcebido que acaba não existindo diferença entre o texto e sua realização cinematográfica.

Nessas condições, nem mesmo atores experientes como Gérard Lanvin e Jean-Hugues Anglade têm muito o que fazer.

Eles cumprem seus papéis de modo burocrático, o que aumenta mais a certeza do espectador de que teria sido mais gostoso ficar em casa assistindo a alguns episódios de sua série favorita.

GRANDES AMIGOS
(AMITIÉS SINCÈRES)
DIREÇÃO Stéphan Archinard e François Prévot-Leygonie
ELENCO Gérard Lanvin, Jean-Hugues Anglade, Wladimir Yordanoff
PRODUÇÃO França, 2012, 14 anos
AVALIAÇÃO ruim


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