Folha de S. Paulo


Ícones dos anos 1980, Peter Hook e Echo & The Bunnymen tocam em SP

Mesmo tocando "The Killing Moon" há 30 anos, o cantor inglês Ian McCulloch, 55, líder da banda de rock Echo & The Bunnymen não titubeia: "Escrevi a melhor canção de todos os tempos".

Sua nova meta é coerente: "Escrever uma melhor que a melhor", diz à Folha.

O grupo de pós-punk, formado no final dos anos 70, do qual é um dos dois membros originais remanescentes —ao lado do guitarrista Will Sergeant, 56—, apresenta neste final de semana no Brasil seu novo disco. "Meteorites", o 12º de estúdio da carreira, foi lançado em junho passado (leia crítica aqui ).

Divulgação
Ian McCulloch, vocalista e fundador da banda inglesa de rock Echo & the Bunnymen
Ian McCulloch, vocalista e fundador da banda inglesa de rock Echo & the Bunnymen

Outro ícone dos anos 80 que não poupa autoelogios e está prestes a tocar aqui é o conterrâneo Peter Hook, 58, baixista que fundou as bandas Joy Division e New Order.

Juntos, Bunnymen e New Order, dois dos grupos ingleses mais influentes do rock, fizeram, aliás, uma turnê pelos Estados Unidos em 1987.

Hook tanto acha maravilhosos os discos que fez que segue com o projeto de tocar todos eles ao vivo, na íntegra, em shows mundo afora.

A saga é acompanhada pela banda The Light, que tem entre seus integrantes Jack Bates, baixista filho de Hook. O projeto foi criado depois que ele deixou o New Order, em 2007, debaixo de brigas com o vocalista e guitarrista Bernard Sumner, 58 —a mágoa entre eles dura até hoje.

Hook, nesta sexta (31), em São Paulo, executará "Low-Life" (1985; tem o single "The Perfect Kiss") e "Brotherhood" (1986; do hit "Bizarre Love Triangle") —terceiro e quarto LPs do grupo. No ano passado, tocou por aqui os primeiros, "Movement" (1981) e "Power, Corruption & Lies" (1983). Haverá também uma introdução com sucessos do Joy Division.

"Algumas dessas músicas não foram tocadas por 25 anos e algumas jamais foram tocadas ao vivo", diz. "O New Order se concentrou em poucas músicas. Isso é muito preguiçoso", provoca ele, que brinca de chamar a antiga banda de "New Older" ("novo mais velho", em vez de "nova ordem").

"O rompimento foi muito ruim. É como um divórcio pelo qual ainda estou passando. É ainda muito doloroso. É como pegar as canções de volta para passar o final de semana. Faz eu me sentir melhor", revela. "Mas não posso ser o New Order. Da mesma maneira que eles também não têm como ser o New Order sem mim."

Mark McNulty/Divulgação
O baixista inglês Peter Hook, ex-New Order e ex-Joy Division
O baixista inglês Peter Hook, ex-New Order e ex-Joy Division

DEPRESSÃO

Em contraste com a estima pelos próprios feitos musicais, a tristeza permeia também a fala de McCulloch em momentos da entrevista.

Sobre o novo disco, diz considerá-lo o melhor do grupo em tempos, por soar mais parecido com os primeiros da carreira. "São canções muito fortes, consistentes", diz. "Eu tive um longo período de depressão. E esse álbum me ajudou a sair dela, me ajudou como pessoa a ser positivo."

Satisfeito com o resultado, o cantor de vozeirão rouco e fala arfante diz que espera lançar o próximo CD "o mais rápido possível".

Já para Hook, o próximo plano é publicar um livro contando a sua versão da história do New Order. Nele, rebaterá discordâncias com a narrativa feita por Sumner em livro lançado em setembro.

"Na minha opinião, o livro dele é cheio de mentiras. Ele mentiu para justificar aos fãs porque continua no New Order sem mim", afirma.

Fora o livro, diz que vai seguir, ano a ano, tocando no palco integralmente os discos já feitos pelo grupo, até chegar nos mais recentes.

E faz piada sobre o futuro álbum que sua antiga banda já anunciou estar preparando. Esse, afirma, tocará "no mudo".

Procurados por meio da assessoria de imprensa da gravadora Warner, Bernard Sumnes e a banda não se manifestaram sobre as críticas.

PETER HOOK & THE LIGHT
QUANDO sex. (31), a partir das 23h (abertura; show à 1h)
ONDE Clash Club, r. Barra Funda, 969, tel. (11) 3661-1500
QUANTO de R$ 140 a R$ 200
CLASSIFICAÇÃO 18 anos

ECHO & THE BUNNYMEN
QUANDO sáb. (1º), às 23h30, no Rio; dom. (2), às 20h, em SP
ONDE Fundição Progresso, r. dos Arcos, 24, tel. (21) 3212-0800; HSBC Brasil, r. Bragança Paulista, 1.281, tel. (11) 4003-1212
QUANTO no Rio, R$ 180; em SP, de R$ 180 a R$ 280
CLASSIFICAÇÃO 16 anos, no Rio; 14 anos, em SP


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