O Theatro São Pedro assume de vez sua vocação para a ópera e o canto lírico. Na temporada 2015, a voz será o elemento principal de cinco séries –óperas, concertos internacionais, tardes de ópera, tardes de canções, cortinas líricas–, além de participar dos programas de música instrumental brasileira.
Para comandar essa nova fase no Theatro, que em 2014 teve um leque mais aberto, com espaço para concertos sinfônicos, está o maestro Luiz Fernando Malheiro, na direção artística da casa desde julho
Um dos mais experientes regentes de ópera no país, que desde 1999 comanda o Festival Amazonas de Ópera em Manaus, Malheiro não pretende concorrer com o Municipal.
"Eles adotaram uma posição de teatro de repertório grande, com cantores internacionais, grandes clássicos e grandes montagens", diz à Folha. "Aqui, nossa intenção é criar uma linha própria, com títulos não tão usuais."
Tanto é assim que o ciclo de óperas (veja no quadro ao lado) tem, prioritariamente, criações mais recentes, do século 20, como "O Amor dos Três Reis", de Ítalo Montemezzi (1875-1952), que abre a temporada. "Só tivemos apresentações dessa ópera em São Paulo em 1919", diz.
O repertório operístico tradicional ficará concentrado na série tardes de ópera (vozes e piano, gratuitas) e cortinas líricas (vozes e orquestra).
Com aporte do governo do Estado de R$ 3,5 milhões para a parte artística (R$ 800 mil a mais que em 2014), considerado "modesto" por Malheiro, o Theatro aposta em parcerias com a SP Escola de Teatro (em cenografia) e com a SP Cia de Dança para incrementar os espetáculos.
Também investe no aperfeiçoamento dos cerca de 20 cantores da Academia de Ópera do Theatro, que participam da temporada e que terão aulas com nomes como o barítono Paulo Szot e o coreógrafo Ivaldo Bertazzo.
"O Theatro São Pedro ainda é um grande desconhecido", diz Malheiro, que quer fortalecer o público local. Neste ano, haverá assinaturas para óperas, que começam a ser vendidas no dia 1º de novembro, com preços de R$ 80 a R$ 280.
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ÓPERAS DA TEMPORADA 2015
"O Amor dos Três Reis", de Ítalo Montemezzi. Com Michael Hendricks, Sávio Sperandio e elenco. Regência: Luiz Fernando Malheiro e seu assistente, André dos Santos - março
"Poranduba", de Edmundo Villani-Côrtes. Com Celine Imbert, Gabriela Pacce, Leonardo Neiva e elenco. Reg.: André dos Santos - abril/maio
"Falstaff", de Verdi. Com Rodolfo Giugliani, Edna D'Oliveira. Reg.: Silvio Viegas e André dos Santos (é a mesma montagem de 2014) - junho
"Bodas no Monastério", de Prokofiev. Com Miguel Geraldi, Sávio Sperandio, Luciana Bueno e elenco. Reg.: Malheiro/André dos Santos - agosto e setembro
"O Homem dos Crocodilos", de Arrigo Barnabé. Com Sandro Christopher e elenco. Reg.: Paulo Braga - novembro
"Édipo Rei" de Stravinsky. Com Paulo Mandarino, Eliane Coelho e elenco. Reg.: Malheiro - novembro (na mesmas récita de "O Homem dos Crocodilos")