Folha de S. Paulo


Festival em Las Vegas revitaliza área central

Um grande festival de música cuja música é apenas um "detalhe" só poderia ser realizado em uma cidade como Las Vegas. No último final de semana, de sexta (24) a domingo (26), longe dos hotéis luxuosos e dos cassinos, aconteceu a segunda edição do Life Is Beautiful Festival.

O evento, definitivamente cravado agora no roteiro dos grandes festivais dos EUA, nasceu com dois objetivos: ser diferente de uma grande reunião de bandas e público num lugar cercado e ajudar no resgate da região de Downtown Las Vegas. A área, decrépita, desértica, esquecida até anos atrás, agora passa por revitalização cultural.

Para começar, o Life Is Beautiful Festival trouxe a gastronomia como atração de destaque. Nomes de badalados chefs independentes locais fizeram parte do pôster do festival tanto quanto Kanye West, Foo Fighters, Arctic Monkeys e Lionel Richie.

Ethan Miller/Getty Images/AFP
A cantora neozelandesa Kimbra durante show no festival
A cantora neozelandesa Kimbra durante show no festival

Eles ganharam uma área grande chamada Chefs on Stage para vender seus produtos e dar palestras. Alguns eram tratados como rock stars, como Rick Moonen e Hubert Keller. Fora o Chefs on Stage, havia quatro espaços gastronômicos.

A arte local também faz parte da ideia do Life Is Beautiful ser um festival "diferente". Há um pavilhão com exposições, instalações e grandes grafites feitos pelas ruas da área do evento –as pinturas ficarão permanentemente enfeitando a cidade.

ATÉ MÚSICA

E, veja só, o Life Is Beautiful teve até música. Quatro palcos receberam artistas da cena de Las Vegas, que nos últimos anos deu ao pop bandas como The Killers, Imagine Dragons e Panic! at the Disco.

À noite, a coisa pesava. Na sexta (24), Kanye West fez um show "feliz", diferentemente do estado de espírito da turnê do álbum "Yeezus" (2013).

O sábado (25) teve como destaque os shows de Lionel Richie, da impressionante banda nova inglesa Alt-J e o penúltimo show da história do Outkast, que vai se aposentar quando a turnê acabar.

No domingo (26), o energético Foo Fighters tocou velhos hits e poderosas músicas novas de seu próximo disco, a sair agora em novembro. E, antes, teve o inglês Arctic Monkeys, com seu show que é um dos melhores do rock hoje em dia. O mesmo show que a banda fará em São Paulo em 14 de novembro e no Rio no dia 15.

bailinho

Se você se pergunta o que um velho crooner famosão como Lionel Richie está fazendo no meio desta escalação, o próprio cantor de 65 anos também quer saber. Ele mesmo levantou a questão.

"OK. Me chamaram e eu vim. E daqui de cima eu enxergo três públicos diferentes interessados em me ver", falou do palco o músico, de um certo soft rock misturado a soul e R&B, rei dos bailinhos nos anos 70 e das FMs nos 80. Já vendeu mais de 100 milhões de discos.

"Vejo alguns que vieram me ver por causa dos tempos dos Commodores. Outro grupo que está aqui por conta de músicas como Hello' e All Night Long'. E tem um outro perfil de público que eu ainda tento entender por que eu consigo agradá-lo. São os que me abordam nas ruas às vezes para dizer: Eu conheço suas músicas de tanto que minha mãe e meu pai botam para tocar na minha casa'."

Lionel Richie fez um show encantador. Obviamente, sua apresentação é recheada de hits "a noite inteira", desculpe o trocadilho. Tudo interpretado igualzinho aos discos de 25, 30 anos atrás.

Richie realmente talvez seja o grande nome do festival. Os três modelos de camisetas que estampam sua cara vendem como água. E tem o "Lionel Express", um grupo de garotas que percorrem dançando as ruas do festival, formando uma espécie de Bonde do Lionel.


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