Folha de S. Paulo


Feira parisiense Fiac abre hoje com 190 galerias, quatro delas brasileiras

Na ressaca da Frieze, a megafeira de arte de Londres, a Fiac (feira internacional de arte contemporânea de Paris) abriu as portas nesta quinta (23) no Grand Palais, em Paris, com 190 galerias, quatro delas brasileiras, e obras de quase 3.500 artistas à venda.

Em sua 41ª edição, a feira parisiense se estabelece no circuito pela primeira vez como concorrência de peso à irmã do outro lado do Canal da Mancha. A exemplo da Frieze, a Fiac também abriu uma feira paralela, a Off(icielle), dedicada a artistas ainda em ascensão, e espalhou obras de arte pelos Jardins des Tuileries.

Em termos de ostentação, a Fiac também já chegou ao nível das maiores feiras do mundo. Na noite de abertura, celebridades como a cineasta Sofia Coppola e a artista Tracey Emin, e o bilionário François Pinault, dono de um dos maiores conglomerados de luxo do mundo, circularam pelo Grand Palais.

Patrick Kovarik - 22.out.2014/AFP
Visitantes observam obras de arte no Grand Palais, onde ocorre a feira parisiense Fiac
Visitantes observam obras de arte no Grand Palais, onde ocorre a feira parisiense Fiac

De olho na ebulição do mercado parisiense na semana da feira, casas de leilão com sedes na capital francesa, como a Christie's, anteciparam leilões para coincidir com as datas do evento.

Museus também programaram grandes aberturas para a semana. A Fundação Louis Vuitton, num prédio desenhado por Frank Gehry no Bois de Boulogne, acaba de ser inaugurada, enquanto o Museu Picasso, fechado para reformas por mais de dez anos, foi reaberto.

Nesse cenário, o Brasil, junto de outros países emergentes, virou o queridinho da vez. Quatro galerias paulistanas —Fortes Vilaça, Raquel Arnaud, Luciana Brito e Mendes Wood DM— participam da Fiac esse ano.

Enquanto Luciana Brito e Raquel Arnaud apostam em clássicos da arte moderna, como Geraldo de Barros e Carlos Cruz-Diez, Fortes Vilaça e Mendes Wood DM levaram artistas contemporâneos como Jac Leirner, Mauro Restiffe, o espanhol Daniel Steegman-Mangrané e o francês Neil Beloufa.

Essas últimas duas casas, aliás, também estiveram na Frieze, em Londres, na semana passada, sinalizando um investimento crescente das galerias brasileiras no mercado europeu, que parece há muito ter superado a crise –François Pinault, um dos maiores colecionadores do mundo, comprou sozinho 37 obras na abetura da Fiac.

Há ainda trabalhos dos brasileiros Tunga, com uma grande escultura e uma série de desenhos, e Lenora de Barros, com um vídeo, em duas galerias de Nova York

Em paralelo à Fiac, uma mostra coletiva no Palais de Tokyo tem entre seus artistas os brasileiros Marcius Galan e Tunga.

Henrique Oliveira, outro artista do país com uma instalação permanente no mesmo museu, também virou celebridade em Paris, apontado como um dos dez artistas mais "rentáveis" da temporada pelo jornal "Le Figaro", extasiado com a "favela virtual que se transforma em árvore" que o paulista construiu no Museu de Arte Contemporânea da USP.

Na Fiac, além dos brasileiros, alguns destaques foram a obra de vidro do alemão Gerhard Richter, um móbile prateado do norte-americano Alexander Calder e uma escultura do também americano Donald Judd, as duas últimas no estande da Pace, de Nova York.

Fora peças extraordinárias, os exageros de sempre estão presentes na Fiac, como um cogumelo de cerâmica gigantesco da japonesa Yayoi Kusama, uma escultura de quase duas toneladas de vidro da americana Roni Horn e as megatelas do suíço Ugo Rondinone.


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