Folha de S. Paulo


Diretor de 'Algum Lugar Belo' presta homenagem ao cineasta Atom Egoyan

Quando Albert Kodagolian migrou com a família do Irã para os EUA, aos 17, um diretor de cinema chamou sua atenção. Também tinha origem armênia, como ele, e fazia filmes que o instigavam: era Atom Egoyan, de "O Doce Amanhã" (1997).

"Eu estudava para ser um médico. De repente, filmes passaram a me interessar e eu acabei indo parar na faculdade de cinema", diz o diretor Kodagolian à Folha. Ele exibe nesta sexta (24), seu primeiro longa, "Algum Lugar Belo", baseado em obra de Egoyan.

A trama intercala duas histórias: numa delas, um fotógrafo viaja com a mulher para a Patagônia, mas ela aos poucos cede aos encantos do argentino que os guia pela região. Na outra, um fotógrafo, interpretado pelo próprio diretor, se encontra desamparado pelo fim do casamento.

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Os atores Pablo Cedrón e Maria Alche em cena de
Os atores Pablo Cedrón e Maria Alche em cena de "Algum Lugar Belo", de Albert Kodagolian, em exibição na 38ª Mostra de Cinema de SP

É a primeira das histórias que bebe da fonte de Egoyan, tomando emprestado o mesmo enredo de "Calendário" (1993).

"Optei por algo mais objetivo, e não subjetivo", conta Kodagolian, 43. No filme dos anos 1990, o fotógrafo em questão nunca aparece diante das câmeras, o que não ocorre no filme de 2013. "Faço um cinema que enfoca não tanto as palavras, mas as imagens, então era necessário mostrar o personagem."

Segundo ele, essa passagem mostra uma passagem de poder entre os personagens. "O fotógrafo é mandão, mas fica tão obcecado com a beleza do lugar que se esquece da beleza personificada por sua mulher."

A escolha da Patagônia, que não existe no filme original, era desejo antigo. "Sou fascinado pela Argentina desde a Copa de 1978. E já me ocorreram coisas inusitadas ali: minha namorada terminou comigo lá."

Egoyan, de quem Kodagolian diz que se tornou amigo há 20 anos, já viu o filme e ainda inseriu uma voz over nele. "Mas disse que faltava algo pessoal a ele."

A solução veio com a criação da segunda história, que serve como continuação da trama do triângulo amoroso patagônico. "É a consequência do fim de um relacionamento. É basicamente o que eu sou 20 anos após a faculdade de cinema, tentando fazer alguma coisa", diz.

ALGUM LUGAR BELO
DIREÇÃO: Albert Kodagolian
PRODUÇÃO: EUA, Argentina, 2013, 12 anos
MOSTRA: sex (24), às 15h, no CineSesc


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