Folha de S. Paulo


Grupo dos EUA cria jogos satânicos em reação à distribuição de Bíblias

Democracia é isso. Depois que o condado de Orange, na Flórida, nos EUA, permitiu que um grupo cristão distribuísse Bíblias em escolas públicas da região, um grupo chamado O Templo Satânico exigiu o mesmo direito e planeja distribuir nas escolas um livrinho infantil intitulado "O Grande Livro de Atividades das Crianças Satânicas".

O volume traz jogos, desenhos para colorir e brincadeiras, como um "ligue os pontos" que forma o desenho de um pentagrama de cabeça para baixo e um labirinto ligando um simpático menininho, Damian, e seu cãozinho, Cérbero, a um presente: o "Necronomicon", o fictício "Livro dos Mortos" criado pelo escritor norte-americano H.P. Lovecraft (1890-1937).

O livro pode ser baixado gratuitamente aqui.

A notícia irritou grupos católicos, que inundaram o governo local de mensagens de protestos. Um dos diretores do sistema de ensino disse, porém, não ter recebido ainda um pedido formal de distribuição do material pelo Templo Satânico.

Já o porta-voz do Templo, Lucien Greaves, disse à Folha que o material está sendo revisado, e que a próxima audiência pública sobre o assunto será em janeiro de 2015.

"O condado de Orange não tem a liberdade de rejeitar nossa literatura, já que permitiram a distribuição de material cristão."

Greaves disse que espera que os alunos gostem do livro. "Supomos que as crianças estejam muito curiosas para ver o nosso material. Devem estar bem entediadas com o material cristão, e provavelmente não são familiarizadas com literatura satanista", afirma.

"Os pais certamente não vão gostar, mas deveriam direcionar sua revolta à direção das escolas, que permitiu a entrada de materiais religiosos em escolas públicas. Se não fosse por essas pessoas estúpidas e sem visão, nada disso estaria acontecendo."

LIBERDADE

Jogada de marketing ou não, a estratégia do Templo Satânico parece dar certo. Dias atrás, em uma reunião do conselho diretor de escolas do condado de Orange, um diretor sugeriu que todo o material religioso, de qualquer tipo, fosse banido do sistema público de ensino.

"Nossa missão é lembrar ao mundo que liberdade religiosa é a liberdade de praticar qualquer religião, e que o governo, se quiser respeitar tal liberdade, deve se manter neutro, sem mostrar preferência por nenhuma denominação, seita ou ponto de vista", disse Greaves.


Endereço da página:

Links no texto: