Folha de S. Paulo


'Sangue Azul' vence prêmio de melhor longa-metragem do Festival do Rio de 2014

O júri do Festival do Rio de 2014 nomeou "Sangue Azul", do pernambucano Lírio Ferreira, o vencedor do prêmio de melhor longa-metragem de ficção. O filme também venceu os prêmios de melhor direção e melhor ator coadjuvante com Rômulo Braga.

"Quando a gente pensou em fazer esse filme, nem Dilma era presidente. É muito difícil acreditar que um sonho pode dar certo. E parece que deu", disse o diretor.

Ao final da premiação, Lírio ergueu a camiseta movimento "Rio: Mais Cinema Menos Cenário". Desde o início do Festival, o movimento tem reunido profissionais do setor para protestar em sessões. O grupo acusa a estatal de investir apenas em filmes que têm potencial lucrativo. Essa foi a única menção ao movimento durante a cerimônia, que foi marcada por discursos protocolares.

"Sangue Azul" conta a história de um casal de irmãos que nasceram numa ilha vulcânica e paradisíaca e foram separados durante a infância. Já adultos, eles voltam a se encontrar na ilha.

"À Queima Roupa", de Theresa Jessouroun, venceu os prêmios de melhor longa de documentário e melhor direção de documentário. O filme é uma investigação sobre a violência e a corrupção da polícia do Rio de Janeiro explorando os casos mais emblemáticos dos últimos 20 anos.

O discurso de Theresa foi um dos poucos que fugiram do roteiro de agradecimentos protocolares. Ao receber o prêmio, Theresa convidou ao palco uma de suas personagens, Vera, sobrevivente da chacina da favela Vigário Geral, na Zona Norte do Rio, que ocorreu em 1993.

"Este filme depende da coragem das pessoas que deram depoimento", disse a diretora.

Em sua fala breve, Vera pareceu tímida, e agradeceu a Theresa "pela coragem de entrar dentro das comunidades e mostrar o que a polícia faz com os moradores", disse ela.

Os escolhidos pelo voto popular foram o longa de ficção "Casa Grande", de Fellipe Gamarano Barbosa, o longa de documentário "Favela Gay" de Rodrigo Felha, e o curta "Max Uber", de Andre Amparo.

"Casa Grande" conta a história de um menino de classe média alta da zona sul do Rio que luta contra a superproteção dos pais. "Este é o primeiro filme que eu faço do qual as pessoas saem alegres. Percebi que é isso que quero fazer para o resto da vida", declarou o diretor.

"Favela Gay" narra histórias da comunidade LGBT nas favelas cariocas. "As pessoas se perguntam o que eu posso mostrar de diferente sobre favela e sobre gays. A resposta é:nada. Eu quero mostrar pessoas", disse Felha.

O veterano Murilo Salles levou o troféu de melhor roteiro por "O Fim e Os Meios", que fala sobre a vida de um casal, ela, jornalista, ele, publicitário, durante uma campanha eleitoral em Brasília.

Os prêmios de melhor ator e atriz foram para Matheus Fagundes por seu trabalho em "Ausência", de Chico Teixeira, e Bianca Joy Porte por "Prometo Um Dia Deixar Essa Cidade", de Daniel Aragão. "Ausência" também ganhou o prêmio especial do júri.

Nenhum dos filmes premiados com o Troféu Redentor consta da lista dos 23 filmes mais procurados durante o festival, onde predominam diretores estrangeiros.

O júri desta ano foi composto pelo diretor Karim Aïnouz, a produtora Andrea Barata Ribeiro, sócia-fundadora da O2 Filmes, o roteirista italiano Maurizio Braucci, a atriz Malu Mader e o produtor britânico Mike Downey.

Confira os vencedores do 16º Festival do Rio:

Melhor Longa-Metragem de Ficção: Sangue Azul, de Lírio Ferreira
Melhor Longa-Metragem de Doc: À Queima Roupa, de Theresa Jessouroun
Melhor Curta-Metragem: Barqueiro, de José Menezes e Lucas Justiniano
Melhor Diretor de Ficção: Lírio Ferreira ( Sangue Azul)
Melhor Diretor de Doc: Theresa Jessouroun (À Queima Roupa)

Melhor Atriz: Bianca Joy Porte (Prometo Um Dia Deixar Essa Cidade)
Melhor Ator: Matheus Fagundes (Ausência)
Melhor Atriz Coadjuvante: Fernanda Rocha (O Último Cine Drive-In)
Melhor Ator Coadjuvante: Rômulo Braga (Sangue Azul)
Melhor Fotografia: André Brandão (Obra)
Melhor Montagem: Luisa Marques (A Vida Privada Dos Hipópotamos)
Melhor Roteiro: Murilo Salles (O Fim E Os Meios)
Prêmio Especial Do Júri: Ausência, de Chico Teixeira
Prêmio pelo Conjunto da Obra: Othon Bastos

Novos Rumos
Melhor Filme: Castanha, de Davi Pretto
Melhor Curta: Bom Comportamento, de Eva Randolph
Prêmio Especial do Júri: Deusa Branca, de Alfeu França
Júri presidido por Felipe Bragança e composto por Bianca Comparato e Cavi Borges

Prêmio Fipresci: Obra, de Gregorio Graziosi
Júri composto por Ernesto Diez Martinez, Luiz Zanin e Roni Filgueiras

Júri voto popular
Melhor Longa Ficção: Casa Grande, de Fellipe Gamarano Barbosa
Melhor Longa Documentário: Favela Gay, de Rodrigo Felha
Melhor Curta: Max Uber, de Andre Amparo

Mostra Geração: Finn, de Frans Weisz

Prêmio Felix
Melhor Documentário: De Gravata e Unha Vermelha, de Miriam Chnaiderman
Melhor Ficção: Xenia, de Panos H. Koutras

Prêmio Especial do Júri: Toda Terça-Feira, de Sophie Hyde

*

O Festival do Rio encerra sua 16ª edição com estimativa de público de 250 mil espectadores. Veja abaixo a lista dos filmes mais procurados:

- Garota exemplar, de David Fincher
- Sal da terra, de Juliano Ribeiro Salgado e Wim Wenders
- Sétimo, de Patxi Amezcua
- Mr Turner, de Mike Leigh
- Boyhood - da infância à juventude, de Richard Linklater
- Homens mulheres e filhos, de Jason Reitman
- Mapas para as Estrelas, de David Cronenberg
- Contos iranianos, de Rakhshan Banietemad
- Frank, de Lenny Abrahamson
- 10.000 km, de Carlos Marques-Marcet
- Cavalo Dinheiro, de Pedro Costa
- National Gallery, de Frederick Wiseman
- Timbuktu, de Abderrahmane Sissako
- Mommy, de Xavier Dolan
- Garotas, de Céline Sciamma
- Cold in july, de Jim Mickle
- God help the girl, de Stuart Murdoch
- Mãos sujas, de Josef Wladyka
- Bem perto de Buenos Aires, de Benjamin Naishtat
- Kumiko, a caçadora de tesouros, de David Zellner
- Party Girl, de Marie Amachoukeli, Claire Burger, Samuel Theis
- A Hard Day's Night, de Richard Lester
- O Massacre da Serra Elétrica, de Tobe Hooper


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