Folha de S. Paulo


Exibidores ameaçam boicotar filme produzido pela Netflix

Empresas responsáveis pela exibição de filmes estão ameaçando boicotar a sequência de "O Tigre e o Dragão", que está sendo produzida pela Netflix e que será lançada simultaneamente nas salas de cinema e na plataforma de vídeo.

Na segunda-feira (29), a Netflix anunciou que produziria seu primeiro longa-metragem, da mesma maneira que já faz suas próprias séries.

O plano era que o filme estreasse simultaneamente em salas Imax ao redor do mundo e na própria Netflix, disponível para quem o quisesse assistir em casa, em 28 de agosto de 2015.

No entanto, as redes AMC, Regal, Carmike e Cinemark, que juntas controlam 400 salas Imax nos Estados Unidos, reagiram ao anúncio e disseram que se recusarão a passar o filme.

As empresas não gostaram da ideia de ignorar a tradicional "janela", espaço entre 13 e 17 semanas do lançamento de um filme nos cinemas até que ele esteja disponível para ser assistido em casa.

A segunda maior cadeia de exibição cinematográfica da Europa, Cineworld, e a maior do Canadá, Cineplex, também se manifestaram contrários à iniciativa da Netflix e afirmaram que boicotarão o longa.

"A AMC Theatres e a Wanda Cinema são as maiores operadoras de salas de Imax do mundo", disse a AMC em comunicado oficial.

"Nós apenas licenciamos a tecnologia Imax. Apenas a AMC e a Wanda decidem que programação será exibida em nossas salas. Ninguém nos Estados Unidos ou na China nos abordou para licenciar essa sequência feita para vídeo, então deduzimos que as salas Imax envolvidas estejam em centros científicos e aquários."

Na mesma linha, a Regal indicou em nota que não irá participar de "um experimento onde se possa ver o mesmo produto em telas que variam de três andares de altura a três polegadas de largura, num smartphone".

"Nós acreditamos que a escolha para realmente se apreciar um filme magnífico é clara."

Não é a primeira vez que exibidoras se unem para ameaçar boicote a um filme por não respeitar o modelo de "janela".

Em 2010, a Disney acenou com a possibilidade de reduzir para 12 semanas o espaço de lançamento de versões cinematográficas e domésticas de "Alice no País das Maravilhas" e sofreu com o mesmo problema.


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