Folha de S. Paulo


Joe Satriani toca em SP inspirado por pintura 'sangrenta'; leia entrevista

Quando o guitarrista americano Joe Satriani subir ao palco do Citibank Hall em São Paulo, na noite desta quarta-feira (1º), ele tocará canções inspiradas por um músico que não estará no palco: Jason Newsted, o ex-baixista do Metallica.

Isso porque Satriani atualmente apresenta a turnê do disco "The Unstoppable Momentum", que ele lançou no ano passado e que foi em parte inspirado por uma pintura feita por Newsted.

"Para mim, esse quadro representa um músico que tinha acabado de tocar sua última nota e tinha apenas uma gota de sangue final, o suficiente para conseguir deixar o palco", conta Satriani em entrevista por telefone à Folha.

O guitarrista afirma que ficou fascinado com o quadro antes mesmo de vê-lo ao vivo. Há alguns anos, Newsted expôs suas obras em San Francisco, nos Estados Unidos, e enviou a ele um folheto da exposição.

Divulgação
O guitarrista americano Joe Satriani
O guitarrista americano Joe Satriani

Satriani não pôde ir, mas ao observar as obras no papel, aquela em particular, que ele diz ser "vermelha, com cor de sangue", chamou sua atenção. Anos depois, ele levou o quadro para sua casa e o pendurou em seu estúdio pessoal.

"Eu interpreto essa pintura como uma metáfora de alguém que está trabalhando duro para dar sempre seu melhor. Eu não sei o que Jason quis dizer com esse quadro, mas para mim é alguém que dá 99,99% em cada apresentação e guarda o 0,01% restante para voltar a tocar no dia seguinte."

A visão do guitarrista reflete um pouco da sua própria personalidade.

Aos 58 anos e com uma carreira de 30, ele é conhecido tanto por seu virtuosismo no instrumento quanto pelo profissionalismo. Além de 14 discos solos lançados, Satriani ainda arranja tempo para projetos paralelos, como o grupo Chickenfoot e as turnês com o G3, grupo criado por ele para reunir guitarristas famosos.

Foi com o G3, aliás, que ele passou pelo Brasil pela última vez. Em 2012, ele veio tocar acompanhado de Steve Morse (Deep Purple) e John Petrucci (Dream Theater).

"Tocar num show próprio é sempre diferente de tocar com eles", afirma. "O G3 traz fãs de um ou de outro de nós, que de repente estão vendo um show com outros dois caras que eles não conhecem no palco. Só metade das pessoas que vão aos shows do G3 são fãs de todos nós."

Apesar disso, ele diz achar melhor não pensar no público antes de se apresentar.

"O importante é aparecer lá e estar presente para aquelas pessoas naquele momento, sem preconceitos, sem generalizações."

SUCESSO COMERCIAL

Satriani não sabe explicar por que, mas ele é bem sucedido ao fazer a ponte entre os estilos erudito e popular. "The Unstoppable Momentum", por exemplo, foi mais um de seus discos que frequentou as paradas norte-americanas —em posições modestas, se comparadas a estrelas pop, mas ainda assim um feito respeitável, considerando que são músicas instrumentais.

"Quando eu componho, tento encontrar pedaços de música que soem interessantes quando tocados juntos", simplifica.

"Eu não faço vídeos nem nada do tipo e não tenho nenhuma música que você pode chamar de um grande hit. Mas a linha que me separa dos meus fãs é completamente direta e ininterrupta, graças à internet. Talvez o sucesso dessa conexão explique esse relativo sucesso comercial."

Os brasileiros que forem ver Satriani ao vivo (há um show marcado para Brasília também, na sexta) o encontrarão acompanhado de uma banda formada por Marco Minnemann na bateria, Bryan Beller no baixo e Mike Keneally na guitarra e nos teclados.

A presença de Keneally, se dividindo entre dois instrumentos, é reconhecida por Satriani como um trunfo do show.

"Ele toca tão diferente de mim, mas quando tocamos juntos, meio que nos completamos. Parece um minishow do G3, às vezes", comenta, animado.

Para as apresentações no Brasil nesta semana, Satriani promete um repertório variado.

"Sempre penso que tem gente que nunca mais vai me ver ao vivo, então tenho que tocar as músicas mais famosas. No meio disso, tenho que executar as mais novas, que toquei menos vezes, senão vou pirar."

"Mas montar setlist é uma loucura, não sei como os Rolling Stones conseguem, tendo 50 anos de canções para escolher", diz aos risos.

JOE SATRIANI NO BRASIL
QUANDO quarta (1º) em São Paulo, às 21h30, e sexta (3) em Brasília, às 21h
ONDE em São Paulo, no Citibank Hall (av. das Nações Unidas, 17.955); em Brasília, no Net Live (Setor Hoteleiro Norte, Quadra 5, Bloco A)
QUANTO em São Paulo, entre R$ 180 e R$ 400 (ingressos disponíveis em www.ticketsforfun.com.br); em Brasília, entre R$ 160 e R$ 180 (ingressos disponíveis em www.ingressorapido.com.br)


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