Folha de S. Paulo


Musical em clima jam session narra a formação artística de Cássia Eller

Após passar por Rio de Janeiro e Belo Horizonte, "Cássia Eller - O Musical" traz nesta sexta (19) a São Paulo 34 canções da artista, que morreu em 2001, aos 39 anos.

A peça, dirigida por João Fonseca, de "Pro Dia Nascer Feliz, o Musical", sobre a vida de Cazuza, e "Tim Maia - Vale Tudo", tem direção musical da percussionista Lan Lan e do baixista Fernando Nunes, que fizeram parte da banda de Cássia.

"Já tinha recebido convites para outros espetáculos e tributos à Cássia, mas nunca tinha me encantado", conta Lan Lan. Convidada pelo produtor Gustavo Nunes, que já havia conseguido a autorização dos herdeiros da artista, para participar do projeto, ficou balançada.

Daniel Marenco/Folhapress
Tacy de Campos em ensaio de 'Cássia Eller - O Musical', no Rio
Tacy de Campos em ensaio de 'Cássia Eller - O Musical', no Rio

"Achei que poderia ajudar pela minha intimidade com o som da Cássia", diz.

Além de músicas conhecidas na voz da cantora, como "All Star" e "O Segundo Sol", de Nando Reis, e "1º de Julho" e "Por Enquanto", de Renato Russo, foram incluídas no repertório faixas que foram referência em sua formação musical.

"Noite do Meu Bem', da Dolores Duran, aparece em um momento emocionante, é um dueto entra a Cássia e a mãe dela", exemplifica Lan Lan. Há ainda duas composições de Cássia: "Do Lado do Avesso" e "Flor do Sol".

Segundo Lan Lan, a ideia era distanciar o espetáculo "dessa coisa Broadway", e não deixá-lo muito longo, com intervalo entre atos. "Quisemos fazer uma espécie de jam session. O musical tem duas horas, como se fosse um show", diz. As músicas são executadas por uma banda de jovens que cresceram escutando Cássia.

Foram realizadas duas semanas de audições com cerca de 3.000 pessoas para chegar a um elenco de seis atores, que interpretam mais de um personagem. A escolhida para o papel de Cássia foi a curitibana Tacy de Campos, 24.

"Ela foi uma surpresa. Embora não fosse atriz, agiu muito naturalmente, não fazia esforço, cantava como se entendesse a Cássia. Emocionou todo o mundo. Elas são do mesmo planeta", conta Fernando Nunes.

Supervisionado pela família, o espetáculo não deixa de fora passagens mais polêmicas da vida da cantora. Seu uso de drogas e suas relações extraconjugais, por exemplo, fazem parte do roteiro, assinado por Patrícia Andrade.

O texto teve a colaboração de pessoas próximas à cantora. "Falei para Patrícia do bom humor da Cássia, das tiradas que ela fazia, dos provérbios que contava, de sua leveza ao levar a vida", diz Lan Lan.

"A gente batia uma bola. Eu falava de uma música, a Patrícia falava de uma cena. A gente contava de como a Cássia falava e a Patrícia escrevia a partir disso."


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