Folha de S. Paulo


Artistas de rua Pejac e Bambi seguem no rastro do britânico Banksy

Um avião passa no céu. Pejac, 36, corre à janela com um pote de tinta nas mãos. Ele pinta sobre o vidro a silhueta de um equilibrista caminhando em cima do rastro deixado pela aeronave.

A obra de arte que ele produz desaparece em minutos, com o sumiço da fumaça.

Esse artista espanhol, um dos expoentes da intervenção urbana, não se lamenta da curta durabilidade da obra. Ele ri diante da ideia de que poderia passar o dia à janela esperando outro avião deixar um rastro embaixo do equilibrista, ou mudar o ângulo de visão para trapacear.

É assim, brincalhão, que Pejac conversa ao telefone com a Folha e descreve uma de suas obras. O trabalho do grafiteiro —intervenções delicadas e sentimentais— tem conquistado as ruas espanholas e, mais recentemente, as da França.

A comparação com o artista britânico Banksy, que pintou clássicos urbanos como o manifestante que arremessa um buquê ou a menina que revista um soldado, é inevitável. Ele reconhece as semelhanças e não se importa. Mas, nota, há uma diferença na estética de ambos.

"Eu também tinha essa estética agressiva no começo da minha carreira", afirma Pejac. "Mas hoje eu filtro toda a minha crítica por meio de uma linguagem poética."

A arte de rua, da qual Banksy talvez seja hoje um dos nomes mais óbvios, tem um rol variado de artistas e temas. Um de seus clássicos é Blek le Rat (dito "pai do estêncil"), por exemplo, e essa modalidade deu origem também ao trabalho de Bambi, artista inglesa que vem sendo considerada a versão feminina de Banksy.

"Mas Pejac é o maior artista ambientalista", afirma o colecionador Nick Bargezi, dono da galeria alemã BC. Ele acaba de comprar dois trabalhos do espanhol. "A obra dele é sobre como o ambiente é frágil, como estamos arruinando o mundo."

Como em uma das obras mais relevantes de Pejac, que mostra um mapa-múndi sendo tragado pelo esgoto.


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