Folha de S. Paulo


Pioneiro na Louis Vuitton, Yves Carcelle morre aos 66 anos

Yves Carcelle, o homem a quem se credita ter transformado a Louis Vuitton em uma das maiores grifes de luxo do mundo em receita, morreu no domingo (31), informou a LVMH, conglomerado que inclui a marca.

Carcelle, homem enérgico que se fez sozinho na vida e comandou a Louis Vuitton durante mais de duas décadas até 2012, morreu de câncer aos 66 anos.

Sua morte acontece no momento em que a LVMH trabalha duro para ressuscitar a Louis Vuitton mirando o mercado de luxo depois de ver as vendas despencarem nos últimos dois anos.

"Viajante incansável, Yves foi um pioneiro... sempre curioso, apaixonado e em movimento, ele foi um dos mais inspiradores líderes de homens e mulheres que tive o privilégio de conhecer", disse o executivo-chefe e fundador da LVMH, Bernard Arnault, em um comunicado nesta segunda-feira (1º).

Martin Bureau/AFP
O presidente da Louis Vuitton, Yves Carcelle, em imagem de outubro de 2003, em Paris
O presidente da Louis Vuitton, Yves Carcelle, em imagem de outubro de 2003, em Paris

A Louis Vuitton é a principal fonte de renda da LVMH, maior grupo empresarial de artigos de luxo do mundo, com mais de 60 marcas, como as grifes de moda Christian Dior, Celine e Fendi, a joalheria Bulgari e a fabricante de conhaque Hennessy.

Carcelle, administrador carismático que inspirava suas equipes a trabalharem tanto quanto ele, até nos finais de semana, era visto como um executor habilidoso das ambições globais de Arnault para a Louis Vuitton.

"Ele levou a indústria do atacado para o varejo e teve um papel crucial no desenvolvimento da indústria global de artigos de luxo", afirmou Julian Easthope, analista do segmento da consultoria Barclays.

Durante sua gestão, Carcelle quadruplicou a rede de lojas da Louis Vuitton —chegaram a quase 470, muitas delas em mercados emergentes estrategicamente importantes, como a China.

Ele aumentou o lucro da marca de estimados 500 milhões de euros em 1990 para mais de 7 bilhões de euros, e supervisionou sua diversificação em produtos como relógios e joalheria e moda prêt-à-porter sob o comando do estilista Marc Jacobs.

Sua saída em 2012 ocorreu no momento em que as vendas da Louis Vuitton começavam a decrescer, depois de anos de aumentos na casa dos dois dígitos, o que deu ensejo a uma mudança na administração, especialmente por Carcelle já estar com mais de 60 anos.

Arnault indicou o pouco conhecido espanhol Jordi Constans como executivo-chefe em 2011 e deu a Carcelle um ano para prepará-lo, mas no ano seguinte Constans entregou o cargo por razões de saúde e foi substituído por Michael Burke, veterano da LVMH.

No ano passado a filha de Arnault, Delphine, assumiu como vice de Burke e influenciou a escolha de Nicolas Ghesquiére para substituir Jacobs.


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