Folha de S. Paulo


Artista vintage e surrealista vira xodó de músicos pop

Os nomes de Lana del Rey, My Chemical Romance, Tame Impala, Devendra Banhart, Juan Atkins, Scissor Sisters e Ladytron poderiam formar o line-up de algum festival de música, mas neste caso são parte do portfólio do artista norte-americano Neil Krug.

Com estética vintage, ou por vezes surrealista, Krug se tornou o queridinho de músicos. O primeiro trabalho foi com a banda britânica Ladytron, "há cinco ou seis anos", conta, por telefone, de seu estúdio em Los Angeles.

Neil Krug/Divulgação
Joni Harbeck em
Joni Harbeck em "Pulp Art Book"

"Foi um efeito bola de neve", diz. A boa repercussão levou aos seguintes, a maioria marcada por um aspecto de fotografias antigas.

"Nunca quis fazer algo com cara de velho, acho que é contemporâneo. A maneira como eu utilizo o filme e as cores pode evocar uma década em particular, mas para mim é apenas fotografia pura."

REVELAÇÃO

"Não utilizo filtros digitais. Há um grande trabalho na sala escura [de revelação], mas diria que é muito um estilo livre, eu não sigo um roteiro."

"É uma coisa minha, como um músico que toca de determinada maneira, mas não sabe explicar o motivo."

Além da cara antiga, outra marca estética no trabalho de Krug é o surrealismo, presente em capas de álbuns de Scissor Sisters, Fuel Fandango e Ladytron. Nesses casos, o purismo se inverte e a maior parte do trabalho é feita em computador.

As influências vão do artista de mangás Katsuhiro Otomo (de "Akira") ao pintor surrealista belga René Magritte (1898-1967).

"A inspiração está em todo o lugar", afirma Krug.

Segundo o fotógrafo, a capa de "Magic Hour", do grupo pop Scissor Sisters, teve cerca de 90 versões. A ideia era unir um animal "único, muito exuberante" -uma zebra, no caso- com elementos de ficção científica (veja acima).

Krug tem dois livros publicados, "Pulp Art Book", volumes 1 e 2, com fotografias protagonizadas pela modelo Joni Harbeck.

"Queria fazer uma série de fotografias que parecesse com as capas desses livros baratos de papel jornal. Então usei filmes antigos e fotografei situações estranhas, algumas violentas."

Ambos estão disponíveis para compra pelo site nazraeli.com (a US$ 50 cada, aproximadamente R$ 100).

INSTAGRAM?

Confrontado com a popularidade de aplicativos para smartphones que aplicam filtros em fotos -em grande parte, com estética vintage- o artista mostra certo desconforto.

"Não sei por que me perguntam, eu não sou uma autoridade em Instagram", afirma, para depois completar com "não penso sobre isso, só quando alguém como você me pergunta".

Ele afirma não ver similaridade entre seu trabalho e as fotos de tais aplicativos. "Uma é foto de celular, outra é feita com filme. Mas, se as pessoas estão se divertindo e se envolvendo [com a fotografia], ótimo".


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