Folha de S. Paulo


Evangélicos aquecem comércio de roupas do Brás

Em tempos de desaquecimento econômico, que trouxe comedimento ao consumo, é o avanço da moda evangélica quem ampara agora os lojistas do Brás. A região é polo importante de concentração do comércio popular paulistano e também de dezenas de templos religiosos.

Enquanto as vendas do bairro em geral registraram uma alta recatada, de apenas 3,5% nos últimos 12 meses, as da linha de vestuário adequado aos fiéis cresceram aproximadamente 20% no mesmo período, segundo Jean Makdissi Junior, conselheiro da Alobrás, a Associação de Lojistas do Brás.

As lojas que oferecem apenas roupas mais comportadas, como saias na altura dos joelhos e blusas sem decote, já representam mais de 5% do comércio do bairro, de acordo com ele.

"Os comerciantes da região estão reclamando muito do movimento fraco em 2014. Mas nós, que temos produtos especializados para esse segmento, conseguimos manter um pouco do ritmo", afirma Alexandre Iones, gerente da butique Monia, que começou no nicho de "roupas para senhoras", mas passou a vender moda evangélica.

Ze Carlos Barretta/Folhapress
Manequins com roupas para evangélicos na Loja Monia, no bairro do Brás
Manequins com roupas para evangélicos na Loja Monia, no bairro do Brás

Na tentativa de aproveitar esse avanço, os proprietários de lojas não especializadas também passaram a demandar de seus fornecedores opções de looks mais austeros para exibir em suas vitrines.

A associação de lojistas ressalva que o bairro não pretende abandonar a vocação de comércio de moda generalista para focar os evangélicos. Deve apenas se diversificar diante do aumento da frequência do público religioso.

A estimativa é que pelo menos 30% das lojas adicionaram peças consideradas conservadoras às suas linhas.

"O Brás concentra muitas igrejas evangélicas. São quase 20 só na região da avenida Rangel Pestana. É um movimento que veio nos últimos anos e foi reforçado pela chegada do Templo de Salomão", diz Makdissi Junior.

O evangélico Alison Flores, diretor da loja Joyaly, estima que na rua onde fica seu negócio existam outras dez concorrentes que atendem o público religioso.

O comerciante espera a abertura de mais um competidor do outro lado da rua nos próximos meses.


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