Folha de S. Paulo


Próxima Bienal do Mercosul anuncia curadores e foco na América Latina

Depois de uma série de edições em que vem ampliando seu escopo e se firmou como um dos maiores eventos de arte contemporânea no circuito global, a próxima Bienal do Mercosul, sediada em Porto Alegre, voltará às origens da mostra, com o foco só em países da América Latina.

Marcada para outubro do ano que vem, a décima edição da mostra será organizada pelo curador Gaudêncio Fidelis e tem como título "Mensagens de uma Nova América".

Fidelis, ex-diretor do Museu de Arte do Rio Grande do Sul, é o primeiro brasileiro a assumir a Bienal do Mercosul desde sua quinta edição, quando foi organizada pelo crítico Paulo Sérgio Duarte, que teve Fidelis em sua equipe.

Em entrevista à Folha, o novo curador, que terá em sua equipe o curador-adjunto Marcio Tavares e os curadores assistentes Carmen Cebreros Urzaiz, do México, Fernando Davis, da Argentina, Ramón Castillo Inostroza, do Chile, e os brasileiros Raphael Fonseca e Regina Teixeira de Barros, adiantou que a ideia da mostra é "apresentar uma nova visão da produção da América Latina".

"Vamos tentar nos livrar de uma série de clichês das exposições históricas já realizadas sobre a produção desses países", diz o curador. "Queremos dar a essa produção visibilidade e legibilidade histórica e identificar no meio do processo aquilo que a gente chama de pontos cegos na história da arte, ou seja, parte da produção que de certa forma foi negligenciada ou deixada de lado pela crítica ou pela geografia."

Nesse sentido, Fidelis diz que sua edição da mostra voltará à ideia original da Bienal do Mercosul, que tinha como foco a produção dos países do bloco econômico e ao longo dos anos foi ampliando seu escopo para incluir outros países da América Latina e do mundo.

Fidelis frisou que a próxima edição da mostra terá uma série de obras históricas da região, terá uma escala maior do que a última Bienal do Mercosul, organizada pela mexicana Sofía Hernández de Chong-Cuy, e também terá um recorte "contundente" de arte contemporânea da América Latina.

Sobre a restrição geográfica da próxima edição, Fidelis diz que se trata de uma tentativa de diferenciar a Bienal do Mercosul de outras mostras emergentes no circuito global, como a Bienal de Istambul e a Manifesta, uma bienal itinerante, agora em cartaz em São Petersburgo, e que a cada dois anos ocorre em um país diferente da Europa.

"Não teríamos como cobrir um território muito vasto", afirma o curador. "Se não houver uma determinação geográfica, e isso não está vinculado à ideia de arte latino-americana e sim de arte da América Latina, seria difícil dar a atenção devida a países que nunca foram contemplados, como os da América Central."


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