Folha de S. Paulo


Diogo Nogueira e Hamilton de Holanda atualizam afrossambas

O disco "Bossa Negra", de Diogo Nogueira e Hamilton de Holanda, nasceu de maneira despretensiosa, no camarim, após um show em 2009.

Nos bastidores, os dois se entenderam ainda melhor que no palco e começaram a tocar juntos canções ligadas aos afrossambas de Baden Powell e Vinicius de Moraes. O estilo, e o álbum que o consagrou, de 1966, misturava elementos da sonoridade africana no samba e foi considerado revolucionário à época.

"Eram músicas que gostávamos de cantar e gostávamos de ouvir", conta Diogo. "É uma influência rítmica, lembra nossos ancestrais da África."

No final de 2013, já com o nome de "Bossa Negra" para um projeto de tributo ao gênero, Diogo e Hamilton fizeram shows no Rio e em São Paulo interpretando compositores que eles associavam ao afrossamba: Pixinguinha, Dorival Caymmi e João Nogueira, entre outros.

Divulgação
Os músicos Diogo Nogueira e Hamilton de Holanda, que lançam o disco 'Bossa Negra
Os músicos Diogo Nogueira e Hamilton de Holanda, que lançam o disco 'Bossa Negra'

Satisfeitos com as apresentações, partiram para o estúdio, mas exigindo de si próprios que o disco tivesse um caráter autoral. Assim, foram compondo e gravando entre um compromisso e outro.

Como resultado, "Bossa Negra" soa como uma obra relevante, um disco de samba com uma marca própria. Acima de tudo, uma versão atualizada dos afrossambas, pontuada pelo bandolim marcante de Hamilton, que acompanha de perto a voz de Diogo. Nas gravações, a banda foi completada pela percussão de Thiago da Serrinha e pelo contrabaixo de André Vasconcellos.

Das 13 faixas, sete são compostas por Diogo e Hamilton, acompanhados de outros parceiros. Um deles, o sambista Arlindo Cruz, usou a tecnologia para colaborar com a dupla.

"Ele estava em Belém, a gente finalizando o disco, tentávamos falar pelo telefone, mas não dava certo", explica Diogo.

Surgiu então a ideia de usar o WhatsApp, aplicativo de troca de mensagens que permite o envio de arquivos de áudio.

"A gente passava um pedaço da música, ele passava outro. Quando vimos, estava pronta a música 'Brasil de Hoje'", comenta Hamilton.

Vídeo

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Entre as canções que não são deles, há versões de Ary Barroso ("Risque"), Pixinguinha e Vinicius de Moraes ("Mundo Melhor") e Caetano Veloso ("Desde que o Samba é Samba").

Além disso, há "Salamandra", uma composição inédita de Paulo César Pinheiro e João Nogueira, pai de Diogo. A música havia sido passada ao cantor numa fita, pelo próprio Paulo César, para que fosse incluída em seu primeiro DVD —mas acabou não sendo gravada e se perdendo.

"Quando começamos a fazer o 'Bossa Negra', eu me lembrei dessa música e comentei com o Hamilton. Ela tinha tudo a ver com essa onda. Aí fui atrás do Paulo César Pinheiro, fui até a casa dele, e ele ainda tinha outra cópia da fita. Gravei no meu celular e mandei para o Hamilton, que imediatamente começou a pensar em arranjos", conta, empolgado.

"E aí a gente acabou ficando com uma canção inédita de dois grandes compositores da música popular brasileira."

Com um disco de "gente grande", a dupla permanece unida no discurso de que "Bossa Negra" é um tributo a artistas dos quais gostam. Afirmam não ter receio em ter mexido num "território sagrado" ao atualizarem os afrossambas de Vinicius e Baden. A comparação com o original, dizem, não foi sua meta.

"Mas quem quiser comparar, que compare o que quiser", resume Diogo.

O lançamento de "Bossa Negra" será celebrado com shows no Rio (26 e 27 de agosto, no Theatro Net), em São Paulo (2 e 3 de setembro, no Theatro Net) e outras capitais brasileiras.

BOSSA NEGRA
ARTISTAS Diogo Nogueira e Hamilton de Holanda
GRAVADORA Universal Music
QUANTO R$ 29,90


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