O Instituto Brincante, espaço cultural criado há 21 anos pelo músico, coreógrafo e pesquisador Antonio Nóbrega, corre o risco de ter de deixar sua sede, na rua Purpurina, na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo.
O instituto recebeu uma ordem de despejo. O imóvel, onde há duas décadas são apresentados espetáculos de teatro e música e ministrados cursos de arte, foi vendido para a incorporadora Pedra Forte, cujo responsável não foi localizado pela reportagem para comentar o caso.
O prazo dado a Nóbrega para deixar o espaço terminou há 15 dias. Ele tenta prorrogá-lo judicialmente.
| Fabio Braga/Folhapress | ||
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| Fachada do Instituto Brincante, localizado na rua Purpurina, na Vila Madalena, em São Paulo |
Segundo sua advogada, Renata Maluf, o antigo dono burlou a exigência legal de dar preferência ao locatário na venda. "O prédio não foi oferecido para mim. Não tenho recursos em caixa para comprá-lo, mas há coisas que poderíamos tentar fazer para adquiri-lo", diz Nóbrega.
O antigo dono do imóvel, porém, afirma que Nóbrega fez uma oferta. "Mas ficou aquém do que eu precisava", diz Cézar Alves. "A procura na região é grande, nunca tive intenção de vender. Fiz por necessidade", acrescenta o ex-proprietário.
Nóbrega não considera a hipótese de sair do local. De acordo com a advogada, o interesse do instituto é adquirir o imóvel pelo valor de mercado. Uma opção cogitada é a de mudar o teatro para duas casas de propriedade de Nóbrega vizinhas ao Brincante.
"Mas dificilmente elas vão atender as demandas. Nenhuma alternativa me dá tudo o que esse local oferece."
O músico diz que o instituto tem projetos em andamento que precisam ser cumpridos até o final do ano.
"O Brincante está num momento auspicioso, funcionando a toda carga. Isso nos pega de surpresa." Seu objetivo era expandir o local, anexando-o às suas casas.
Nas redes sociais, há uma campanha para que o teatro fique no endereço de sempre, com a hashtag #ficabrincante no Twitter.
"A especulação imobiliária está desenfreada. A gente deve discutir até que ponto um bairro como a Vila Madalena merece ter um espaço cultural", diz Nóbrega.