Folha de S. Paulo


Análise: Mercado atual de design é mais aberto a experimentações

A produção da geração de designers aqui apresentada não conta uma história única. Seus projetos e criações têm qualidades técnicas e estéticas distintas e se dedicam a públicos diversos.

Ainda que não façam parte de um movimento, eles convivem num cenário mais pluralista, mais aberto a experimentações que as gerações anteriores.

Alguns fatores contribuem para isso. Há mais informação e conhecimento circulando, por meio da rede e de um sistema de design razoavelmente irrigado -com salões, cursos, escolas, premiações, exposições, publicações- que acolhe e valoriza pesquisas em muitas direções.

O mercado consumidor está crescendo e se diversificando no país.

As tecnologias estão mais acessíveis/baratas, tanto as projetuais simples como as de prototipagem rápida ou impressão 3D, permitindo voos altos como os experimentos de Guto Requena materializando sons em objetos.

E os designers não estão mais tão distantes das fábricas, como exemplifica o caso da parceria da empresa Sollos com Jader Almeida, em Santa Catarina.

Sem a existência dessa simbiose, seria difícil manter o ritmo de coleções, com famílias de móveis e linhas de objetos, e a qualidade impecável que Almeida mostra em seu trabalho.

Outro aspecto é que esses designers partilham uma herança importante e se beneficiam da boa repercussão do design brasileiro que os precedeu e que segue sendo referência fora do país: todos são da geração pós Irmãos Campana. E o design brasileiro tem o seu AC/DC.

Do ponto de vista formal, a herança também aparece. É possível ver traços de Sergio Rodrigues na produção de Jader Almeida.

Assim, também, há ecos da irreverência e dos procedimentos dos Campana nos projetos de Carol Gay e de Bruno Jahara.

Zanini de Zanine homenageia Joaquim Tenreiro, os móveis Z e Sergio Rodrigues. No caso de Guto Requena, o mais experimental de todos, a herança brasileira vira matéria-prima para novas criações.


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