Folha de S. Paulo


Músico Russo Passapusso experimenta a introspecção em sua estreia solo

Russo Passapusso é um nome para não se esquecer. Nascido Roosevelt, o cantor e compositor baiano, de 31 anos, explica de onde veio a assinatura artística: "Na Bahia, há dificuldade em se falar 'Roosevelt'. Aí ficou 'Russo'. 'Passapusso' tem relação com o ritmo cardíaco e com a superação de passar a pulso pelas adversidades".

Mas não é só por causa da alcunha que ele é lembrado por quem já o viu em ação: são suas performances explosivas —como integrante dos grupos Baiana System, Bemba Trio e Ministereo Público— que chamam a atenção.

Agora, porém, convém esquecer este Russo Passapusso. Ele se prepara para lançar seu primeiro disco solo no segundo semestre, "Paraíso da Miragem", e desvenda uma imagem antagônica à que ele criou em dez anos de carreira em Salvador.

Fabio Braga/Folhapress
O músico baiano Russo Passapusso
O músico baiano Russo Passapusso

Produzido pelos músicos paulistanos Curumin, Lucas Martins e Zé Nigro, o trabalho é mais introspectivo, com canções autobiográficas e influências de samba e soul.

"Eu não tinha plano de fazer esse disco. Essas músicas ficavam dentro da minha casa. Mostrei algumas para o Curumin, e ele me incentivou a gravar. Eu estava trabalhando de outra forma, lidando com as coisas do repente e do canto falado a partir das bases instrumentais de discos jamaicanos", conta.

FALSETE

"Recebi críticas de amigos que ouviram [as músicas novas] e não compreenderam. Em Salvador, eu canto gritando. No disco, eu faço falsete. Não tenho nada traçado, mas preciso de um contexto confortável para tocar essa música em Salvador."

Uma das estratégias é soltar pílulas do trabalho ao poucos. Duas músicas, "Paraquedas" e "Flor de Plástico", foram lançadas em seu site oficial e em um compacto de vinil (R$ 20).

"Minha trajetória como MC me fez estar aqui. Para o 'Paraíso da Miragem' acontecer, tive que começar com o Ministereo Público e perder a vergonha de cantar. Uma música saiu no suspiro da outra", conclui.

A história é parecida com a do paulistano Criolo —que era associado exclusivamente ao rap e revelou uma nova personalidade artística com seu segundo disco ("Nó na Orelha", de 2011).

Paralelamente, ele segue "gritando" com os outros projetos. Em abril, se apresentou em Nova Orleans, nos Estados Unidos, com o Baiana System, banda da qual faz parte desde 2008. E toda semana ele canta na festa Quintas Dancehall, promovida pelo coletivo Ministereo Público, em Salvador.


Endereço da página: