Folha de S. Paulo


Linha de roupas da Havaianas se inspira em elementos da 'brasilidade'

O desfile de estreia da Havaianas no segmento de prêt-à-porter, que aconteceu segunda-feira (19), no parque Ibirapuera, mostra que a marca está disposta a vestir qualquer tipo de brasileiro, fashionista ou não, assim como fez com suas sandálias de borracha.

A coleção de verão 2015, composta por 500 peças a preços que variam de R$ 49 a R$ 250, é cheia de imagens ícones da cultura nacional, como a sombrinha de praia, o coco, o mar e a floresta.

Também há a combinação duvidosa de verde e amarelo, que em período pré-Copa faz todo sentido, aplicado em calças skinny com regatas.

As blusas são feitas em algodão e linho, tecidos naturais e leves, ideais para o clima tropical brasileiro. Nada de arroubos fashionistas, tudo parece feito para soar propositalmente desleixado (algumas vezes, até demais).

Shorts e bermudas fazem par com camisetas de cores acesas, como laranja e rosa. Uma concisa linha de praia, composta de sungas, biquínis e saídas de banho lisas, deve agradar aos cariocas, que além dos paulistanos já receberam as roupas nas lojas da marca.

Na passarela, um grupo de teatro entretinha a plateia dançando músicas populares no imaginário dos brasileiros, como "Aquarela do Brasil". O ator Domingos Montagner, que interpretou o galã Zyah na novela "Salve Jorge" (2012), ditou um texto em ritmo de cantoria que falava trajetória de sucesso da Havaianas e de como é presente no cotidiano do brasileiro.

"Vamos lançar mais três coleções, uma de alto verão e uma outra, pequena, de inverno. A ideia é que as roupas, junto às sandálias e aos sapatos que lançamos, formem uma imagem única", diz a diretora da Havaianas, Carla Scmitzberger.

Segundo ela, no próximo ano a linha deve chegar às prateleiras das lojas da marca em outros países. "Inicialmente, queremos sentir a reação do público brasileiro para, depois, chegar no exterior."

A Alpargatas, empresa que detém a Havaianas, espera que a linha de roupas represente ao menos 15% do faturamento da marca, que em 2013 foi de R$ 3,42 bilhões.

"É um posicionamento que deve repercutir no longo prazo. Não é uma ação pontual. Nosso plano é investir em diversos segmentos do prêt-à-porter, do mais popular ao alto luxo", afirma Márcio Utsch, presidente da Alpargatas.

Foi ele quem operacionalizou, no ano passado, a compra de 30% da grife Osklen, do estilista Oskar Metsavaht, por R$ 130 milhões. Apesar de não falar sobre estratégias para os próximos anos, ele não descarta a possibilidade de comprar outras grifes.

"Se isso [a compra] ocorrer, elas terão o mesmo foco das marcas que já compõem o grupo. Ou seja, ter a ver com o estilo descontraído do brasileiro", diz Utsch.


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