Folha de S. Paulo


Rock pesado reúne o triplo do público do pop no festival Abril Pro Rock

O festival independente de música Abril Pro Rock, em Olinda (PE), fechou sua 22ª edição na madrugada deste domingo (27) com muitas camisetas pretas ensopadas de suor na plateia.

Se na madrugada de sábado —a primeira do evento e dedicada ao pop rock—, o público se espalhou pelo salão pouco ocupado da casa de shows Chevrolet Hall para dançar especialmente baladas românticas, neste segundo dia de festival, foi tudo ao contrário.

A música foi pesada do início ao fim, alternando-se entre hard rock, punk e diversas vertentes do metal.

A plateia, predominantemente masculina, veio quase toda vestida de preto, fazendo jus ao apelido de "a noite dos camisas pretas" dado ao dia metaleiro do evento, uma tradição desde 1999.

O espaço na pista ficou disputado, especialmente nos três últimos shows: da banda americana Havok, da canadense Kataklysm e da também americana Obituary.

Ao todo, conforme a organização do festival, 7.500 pessoas passaram pelo local nesta segunda noite —a capacidade da casa é de 15 mil. A quantidade de ingressos vendidos foi o triplo do primeiro dia, em que cerca de 2.500 compareceram.

É um público fiel ao festival, que viaja de longe para participar da festa. A organização estima que até 30% dos presentes na noite pesada venha de fora de Recife e Olinda.

BATE-BATE

Tocando pela primeira vez no Brasil, a banda americana Obituary segurou o público até o fim do evento, encerrado por volta das 3h30 —uma hora e meia antes da primeira noite. O grupo, com mais de 20 anos de estrada, é tido como lendário pelos fãs de death metal.

Em retribuição aos hits entoados com o vocal gutural de John Tardy, a plateia sacudiu os cabelos longos, levantou os braços fazendo a famosa mão chifrada e formou grandes rodas de pogo —rodas em que os fãs correm e dançam distribuindo golpes corporais uns contra os outros.

Quem pulou sem parar saiu encharcado, já que o termômetro quase batia na casa dos 30º C e o centro de eventos não tem ar-condicionado —as laterais são abertas para a rua.

Mas nem só a banda de encerramento teve recepção calorosa. Não houve show nesta noite sem roda de pogo. É o maior sinal positivo que uma banda de rock pesado pode receber, já que aplausos e coros nem são tão valorizados pelos fãs do estilo.

Em shows de metal, dificilmente se vê um fã cantando junto a música inteira. Primeiro, porque quem consegue repetir decentemente os agudos muito agudos e os graves muito graves dos vocalistas do gênero?

Segundo, porque, para muitos, a graça toda está em correr e dançar nas rodas, que, de longe, mais parecem o ensaio de uma batalha campal.

Outro barato metaleiro que pode deixar de cabelo em pé as avós dos fãs é o de surfar na multidão. Com a sustentação dos braços dos amigos, o corpo desliza até chegar bem perto do palco.

GRITOS NACIONAIS

Entre as oito bandas nacionais que tocaram —da veterana punk Olho Seco à sensação do metal melódico Hibria—, a que reservou o momento mais inusitado à plateia foi a pernambucana Desalma. Na última canção do seu show, contou com o reforço do grupo de percussão Bongar.

Surgiu assim um metal com um pé no terreiro e, provavelmente, o mais perto que o estilo pode chegar de uma festa de Carnaval. A plateia respondeu bem e até engrossou a roda durante a canção.

Confira a lista de bandas que tocaram no segundo dia de festival (pela ordem de apresentação)

Dune Hill (PE)
Monster Coyote (RN)
Krow (MG)
Desalma com participação especial de Bongar (PE)
Conquest for Death (EUA)
Olho Seco (SP)
Mukeka di Rato (ES)
Hibria (RS)
Chakal (MG)
Havok (EUA)
Kataklysm (CAN)
Obituary (EUA)


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