Folha de S. Paulo


'Ser indie é necessidade, não escolha', diz líder da banda Sebadoh

Se nos anos 1990 o Sebadoh era idolatrado pelos fãs de rock alternativo, hoje a banda americana vê a plateia minguar nos Estados Unidos e na Europa. Dinheiro para investir em novos trabalhos também faz falta.

A análise desanimadora vem do próprio Lou Barlow, 47, fundador do Sebadoh e também dos grupos Dinosaur Jr. e Folk Implosion.

"Adoraria atrair pessoas mais jovens porque elas são nossa esperança de sobrevivência. Mas o Sebadoh ainda atrai uma multidão dos nossos pares e, como a vida segue, as pessoas estão mais envolvidas em criar suas famílias e envelhecer do que ouvir as bandas de que gostavam quando adolescentes", diz Barlow à Folha, em entrevista por e-mail.

Pela primeira vez no Brasil, a banda se apresenta neste domingo (20) e nesta segunda (21) no Sesc Pompeia, em São Paulo. Depois, seguem para shows no Rio, Olinda (PE), Cataguases (MG) e Maringá (PR).

Sozinho, Barlow fará ainda um show no MIS (Museu da Imagem e do Som de São Paulo) no dia 1º de maio, na abertura do festival de documentários sobre música In-Edit.

Com o multi-instrumentista Jason Loewenstein e o baterista Bob D'Amico completando o trio, o Sebadoh estreia no país trazendo seu novo disco, "Defend Yourself", lançado em setembro de 2013, após um jejum de 14 anos sem álbuns novos.

"Esperamos até a hora certa. Até que pudéssemos gravar quase sem custos de estúdio, até que a banda estivesse estável e feliz o suficiente para trabalhar junto rapidamente", conta o líder. "Como qualquer outro disco do Sebadoh é um novo ciclo de canções sobre nossa evolução ou involução em relacionamentos."

Jens Nordström/Divulgação
Da esq. para dir., Bob D'Amico (baterista), Lou Barlow (vocalista) e Jason Loewenstein (guitarrista/baixista), da banda americana Sebadoh
Da esq. para dir., Bob D'Amico, Lou Barlow e Jason Loewenstein, da banda americana Sebadoh

Com Barlow saindo de um divórcio após ficar casado por quase duas décadas, muitas críticas na imprensa internacional associaram o disco à vida pessoal do músico, o que o irritou na época.

"Jason Loewenstein escreveu metade do disco, então acho que é impreciso classificá-lo por três ou quatros canções minhas. É frustrante que tenham impressões tão simplistas", diz ele, para quem as novas composições se "encaixam perfeitamente" com as antigas nos shows.

Apesar da unidade sonora, segundo ele, a banda está mudada em relação àquela que fez "The Sebadoh" em 1999, último disco até então, o único lançado por uma gravadora de grande porte.

"[Naquela época,] Fomos deixados pela gravadora depois de três semanas do lançamento. Gastamos muito dinheiro e tempo para fazer o melhor disco possível. Foi um tempo sombrio da minha vida. Lembro de muita ansiedade e expectativas comerciais nos cercando. Estamos muito mais independentes agora, longe da pressão de vender álbuns", diz.

Mas ser indie é escolha ou necessidade? "Uma necessidade. Não há outra escolha, mas estou muito mais feliz de trabalhar por conta própria, de qualquer forma."

As consequências, no entanto, se mostram no bolso. Com os integrantes vivendo em cidades de lados opostos dos Estados Unidos —se dividem entre Los Angeles e Nova York—, até os custos com passagem precisam ser bem calculados.

A atual turnê que, para Barlow, não vai tão bem de público, deve ser encerrada no fim do ano. Novos discos também não estão previstos.

Enquanto isso, Barlow deve seguir trabalhando com o Dinosaur Jr. e com projetos solo, como o que iniciou de forma amadora no ano passado para registrar covers de suas músicas favoritas.

Em vídeos no YouTube, já tocou "Side of the Road", de Lucinda Williams, e "Two", de Ryan Adams. A próxima deve ser "In Your Eyes", de Peter Gabriel.

Uma dica para as novas bandas indie? "Seja estranho."

SEBADOH NO BRASIL
QUANDO neste domingo (20) e nesta segunda (21), às 19h, em SP; na quinta (24), às 21h, no festival Juvenilia Pop Fest, no Rio; na sexta (25), a partir das 20h, no festival Abril Pro Rock, em Olinda (PE); no dia 26, às 21h, em Cataguases (MG); no dia 30, às 22h, em Maringá (PR)
ONDE Sesc Pompeia, r. Clélia, 13, SP, tel. (11) 3871-7700; Circo Voador, r. dos Arcos, s/nº, Rio, tel. (21) 2533-5873; Chevrolet Hall, av. Governador Agamenon Magalhães, s/nº, Complexo de Salgadinho, Olinda (PE), tel. (81) 3207-7500; Centro Cultural Humberto Mauro, r. Coronel Vieira, 10, Cataguases (MG), tel. (32) 3422-8709; Polo Club, av. Tiradentes, 149, Maringá (PR), tel. (44) 3029-0092
QUANTO de R$ 8 a R$ 40, em SP; de R$ 65 a R$ 130, no Rio; de R$ 40 a R$ 100, no Abril Pro Rock; R$ 20, em Cataguases; R$ 80, em Maringá
CLASSIFICAÇÃO 18 anos


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