Folha de S. Paulo


Criações de Philippe Starck poderão ser personalizadas

São Paulo foi escolhida para sediar a primeira loja mundial da TOG, marca de mobiliário e objetos encabeçada por Philippe Starck em sociedade com a indústria de plásticos Grendene, especializada em calçados.

A loja deve abrir no segundo semestre deste ano. A marca foi lançada com uma forte campanha de marketing, um manifesto de intenções e uma família de móveis de 43 peças criadas por sete designers no último dia 8, durante o Salão Internacional do Móvel de Milão, a maior feira de design do mundo.

A proposta da TOG (o nome abrevia o lema all creators together / todos os criadores juntos) é unir a produção industrial de alta tecnologia, que possibilita escala, controle de qualidade e preços competitivos, com a personalização dos objetos e mobiliário pelos compradores.

A personalização vai poder acontecer em três momentos: o comprador pode alterar características das peças no pedido para a fábrica (cores, padrões), ou pode comprar acessórios feitos por artesãos e outros designers nos pontos de venda ou baixar imagens e fotos para aplicação, via site e apps em dispositivos móveis.

Como resultado, peças que têm a cara dos clientes. "A única tendência aceitável é a liberdade, liberdade de ser diferente, liberdade de escolher o que se quer", declarou Starck durante o lançamento, em Milão, para reforçar a ideia de que o usuário é também criador, lema central da TOG.

A plataforma pode evoluir num futuro próximo para abrigar desenhos enviados por criadores do mundo todo, que poderiam ser baixados e impressos em máquinas de de impressão 3D, usando formato já existente em sites de compartilhamento de projetos como o Shareable (http://www.shareable.net/).

Em Milão, foi mostrada a primeira fornada de peças, produzidas em diferentes regiões da Itália, de acordo com a técnica exigida para cada produto e a logística para a distribuição na e via Europa.

As peças foram criadas pelo próprio Starck, pelo italiano Nicola Luigi Rapetti (diretor de pesquisa em design da TOG), pela dupla anglo-americana Sam Hecht e Kim Colin, pelo japonês Dai Sugasawa, pelos franceses Jonathan Bui Quang Da e Ambroise Maggiar e o inglês Sebastian Bergne, a convite de Starck e Rapetti.

Segundo o responsável pela TOG no Brasil, Marcelo Longato, CEO da empresa, a TOG já está estudando produções de designers brasileiros. Como sugestões de customizadores, ou seja, possíveis fornecedores de acessórios, já figuram no site da marca os produtos de palha e miçanga feitos pela comunidades de Várzea Queimada, no município de Jaicós, no Piauí, e pela aldeia indígena da etnia Yawanawá, no Acre.

"O cliente vai poder contatar diretamente os artistas, designers, gente comum, enfim, com os customizadores. A TOG quer apenas promover artistas e artesãos, e essa ferramenta de interação com o consumidor não visa nenhum lucro", diz Longato.

Ele afirma que o uso de injeção de plástico, que permite a expansão nas superfícies e por isso menor volume de material, e a fabricação em grande escala tornam os preços da TOG "democráticos". O preço médio das cadeiras em produção dessa primeira fornada é de 120 euros ( R$ 374,00, pela cotação do dia 17).

A TOG é uma empresa global, cujo principal acionista é a Grendene, que detém 42,5% de capital total. Os 50,1% do capital votante têm como sócios Starck e a ABCDEFGHI Participações, empresa controlada por Nizan Guanaes. O investimento inicial foi de R$ 22 milhões e a receita anual prevista em dois anos é da ordem de R$ 100 milhões, segundo a empresa.


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