Folha de S. Paulo


Crítica: Comédia sem graça funciona como crônica de costumes

A aposta de "Julio Sumiu", comédia baseada no livro homônimo de Beto Silva —do "Casseta e Planeta", que assina o roteiro com Patrícia Andrade—, é abordar com humor o desespero de uma mãe um tanto ingênua.

Edna (Lília Cabral), uma dona de casa de classe média, percebe que o filho caçula não dormiu em casa.

Desesperada pela falta de notícias, ela deduz que o rapaz foi sequestrado, e um mal-entendido ao telefone reforça a suposição. Como a polícia não age, ela sobe o morro para conversar com Tião Demônio (Leandro Firmino), o traficante ao qual atribui o desaparecimento do filho.

Divulgação
Fiuk (à esq.) e Hugo Gravitol fumam maconha em cena de 'Julio Sumiu
Fiuk (à esq.) e Hugo Gravitol fumam maconha em cena de 'Julio Sumiu'

Surpreendida por um tiroteio, ela acaba aceitando guardar em sua casa sacolas com drogas do traficante que, em troca, promete libertar o rapaz. Mas a confusão é definitivamente armada quando Sílvio (Fiuk), o filho mais velho de Edna, resolve vender a cocaína em casa.

Mãe devotada e meio sonsa, Edna está no centro de quase todas as situações cômicas, mas estas não engrenam, aparecem aqui e ali, isoladas.

Os momentos engraçados são poucos, como a cena em que Edna e seu sisudo marido (Dudu Sandroni), um militar aposentado, lambuzam o rosto com cocaína, e algumas passagens que mostram clientes visitando o apartamento da família.

A trama paralela entre o delegado J. Rui (Augusto Madeira) e sua sensualíssima colega Madalena (Carolina Dieckmann), em que a frustração sexual é moeda corrente, padece do mesmo mal: não tem lá muita graça.

A narrativa funciona muito melhor como crônica de costumes —delirante, é verdade— do que propriamente como comédia.

JULIO SUMIU
DIREÇÃO Roberto Berliner
PRODUÇÃO Brasil, 2014
ONDE Espaço Itaú de Cinema Frei Caneca e circuito
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO regular


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