Folha de S. Paulo


Crítica: Phoenix apresenta populismo ensaiado e visual apoteótico

Nem precisava gostar da banda para apreciar o show do Phoenix no Lollapalooza. Quarto grupo a se apresentar no palco Skol, os franceses, que misturam rock com efeitos eletrônicos, exibiram um espetáculo visual capaz de conquistar até os que odeiam os discos do grupo.

A ostentação presente na imagem do palácio de Versalhes, que recebeu o quarteto no palco após um atraso de dez minutos, foi o oposto do que se seguiu durante toda a apresentação.

No telão, tons vermelhos completamente chapados, imagens estáticas de lâmpadas de neon multiplicadas tomando todo o espaço —que lembram a obra do artista norte-americano Dan Flavin— e a sequência em que uma fumaça sobe em um fundo branco, contrastam com a pirotecnia visual dos espetáculos de bandas pop atuais, que oferecem de chuva de papel picado a complexas edições de vídeo.

A economia cromática foi o apoio ideal para que o Phoenix fizesse um show empolgante e populista. Já na segunda música, "Lasso", o vocalista Thomas Mars mergulhou nos fãs, ritual que repete em todas as apresentações da banda. A tática ainda foi usada mais duas vezes. Em uma delas, no final da exibição, com Mars enrolado na bandeira brasileira, o público foi ao delírio por quase cinco minutos em uma cartarse instrumental.

A plateia completamente lotada e formada por adolescentes que parecem ter saído diretamente da recém-aberta loja da grife Forever 21, cantaram todos os refrões em uníssono. Sucessos do último disco da banda, "Bankrupt!", de 2013, eram os preferidos ao lado das canções de "Wolfgang Amadeus Phoenix", álbum que alçou o grupo ao grande público com o megahit 'Lisztomania".

Em 2007, quando os franceses tocaram pela primeira vez no país para uma audiencia infinitamente menor no extinto evento Nokia Trends —o quarteto ainda se apresentou no festival Planeta Terra, em 2010—, a banda foi surpreendida pela reação do público, que acompanhou músicas como "If I Ever Feel Better" de cabo a rabo. Hoje, apenas uma parte entoou o refrão da canção.

Ainda assim, o show do Phoenix não teve pontos baixos e, mesmo nas canções instrumentais, como no medley que incluiu a instrumental "Love Like a Sunset", o clima entre o público foi de celebração de final de faculdade, com rodas de jovens se abraçando e cervejas jogadas para o alto.

Ponto para os franceses que, além de musicalmente impecáveis, ainda produziram um espetáculo visual apoteótico sem recorrer a exageros.

AVALIAÇÃO ótimo


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