Folha de S. Paulo


Coldplay retorna às origens em disco mais melancólico e pessoal

O anúncio da separação de Chris Martin, vocalista do Coldplay, e da atriz Gwyneth Paltrow, pegou muita gente de surpresa. Mas fez certo sentido para quem já ouviu o disco "Ghost Stories", que o grupo lança em 16 de maio.

O sexto álbum de estúdio da banda inglesa é o primeiro mais intimista e acústico desde o seu segundo, "A Rush of Blood to the Head" (2002).

Os seguintes, "X&Y" (2005), "Viva la Vida or Death and All His Friends" (2008) e "Mylo Xyloto" (2011), são mais grandiosos. Com eles, a banda abraçou o som de arena cheio de "ô-ô-ô" de hoje.

"Ghost Stories" é o oposto disso —repleto de letras melancólicas como "Always in My Head". Nela, Martin canta "Eu penso em você, não consigo dormir/ Eu acho que esqueci, mas não". Bom sinal para quem gosta do Coldplay de "Parachutes" (2000) e "A Rush of Blood...".

Difícil é saber se o novo trabalho vai emplacar. Mas eles estão se esforçando. Segundo Martin, até agora foram gastos US$ 4 milhões (cerca de R$ 9,4 milhões) no álbum.

Prova do esforço é que o grupo fez na semana passada dois shows surpresa gratuitos em Los Angeles, onde tocou o disco para cerca de 800 pessoas —a maioria, fãs sorteados em um concurso.

Uma dessas apresentações, que serão lançadas em DVD com o disco, foi vista pela reportagem da Folha. Nos shows, o grupo tocou o novo álbum do começo ao fim, mais "Paradise", "Clocks", "Viva la Vida" e "Fix You".

Em "Midnight", Martin canta com um vocoder, que robotiza sua voz, e brinca com uma máquina de laser como se ela fosse uma harpa.

Outra música que empolgou foi "A Sky Full of Stars", que tem um crescendo parecido com o de "Viva la Vida" e pode virar o novo momento "papel picado" dos shows da turnê desse álbum.

Martin foi simpático e, contrariando sua imagem de bom moço, até soltou palavrões, ao errar a entrada em duas músicas. Também conquistou o público ao zombar de si mesmo quando foi içado por uma corda e deu piruetas no ar.

"Precisamos usar esse tipo de artimanha agora, porque não somos tão bonitos quanto o Harry Styles, do One Direction", disse. Em seguida, também fez piada com a roupa especial que teve de usar para fazer isso. "Preciso trocar minhas roupas íntimas. Estou com coceira num lugar em que não gostaria de estar."

No fim, quem compareceu à gravação ganhou uma cartinha assinada por todos os membros da banda, agradecendo por "se importar em ouvir 'Ghost Stories'". Uma introdução intimista para um disco intimista —e um novo momento para o Coldplay.


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