Folha de S. Paulo


Série 'Cosmos' oferece passeio pelo universo em 13 episódios

Um momento pungente acontece perto do fim do primeiro episódio da nova série "Cosmos", passeio em 13 partes pelo universo a ser transmitido no Brasil pelo Nat Geo a partir de quinta, às 22h30.

Sentado sobre uma pedra perto do oceano Pacífico, Neil deGrasse Tyson, 55, apresentador do programa e diretor do Planetário Hayden na cidade de Nova York, pega uma antiga calculadora de mesa que pertenceu a Carl Sagan (1934-96), astrônomo da Universidade Cornell e escritor.

Em 1975, este, o mais famoso astrônomo do país, convidara o jovem Neil, então aluno do ensino médio apaixonado por astronomia, a passar o dia em Ithaca (EUA). Tyson já sabia que queria ser astrônomo, mas naquele dia, aprendeu "com Carl que tipo de pessoa eu queria ser".

A história serve como uma passagem de bastão adequada entre as gerações cósmicas.

Divulgação
Apresentador Neil deGrasse Tyson caminha calendário cósmico, escala de tempo do universo, na série 'Cosmos'
Apresentador Neil deGrasse Tyson caminha calendário cósmico, escala de tempo do universo, na série 'Cosmos'

Foi Sagan, é claro, quem nos convidou a embarcar na espaçonave imaginária em nosso passeio pelo tempo, espaço e intelecto humano do "Cosmos" original, transmitido pela PBS em 1980 e, provavelmente, o maior sucesso na popularização da ciência desde que Albert Einstein vagou por Princeton sem meias.

Em 2012, a Biblioteca do Congresso americano decidiu que a versão impressa do programa era um dos 88 livros que deram forma aos Estados Unidos; entre outras obras citadas estavam "Moby Dick", de Herman Melville, e "Na Estrada", de Jack Kerouac.

No prefácio de uma nova edição do livro, Tyson diz que o programa revelou "um desejo escondido dentro de nós para aprender sobre nosso lugar no universo e aceitar por que isso importa intelectual, cultural e emocionalmente".

Agora, o apresentador afirma na abertura da nova série, "está na hora de embarcarmos novamente".

Afinal, muito aconteceu desde que Sagan decolou em sua espaçonave imaginária. Robôs estão explorando Marte, embora ninguém tenha voltado à Lua. O ônibus espacial foi lançado e aposentado. Descobriu-se que a expansão do universo está acelerando e a temperatura da Terra, aumentando. Sequenciamos genomas humanos.

AMBIÇÃO

O novo "Cosmos" pode ser chamado de o Grande Colisor de Hádrons da ciência popular: caro, espalhafatoso e ambicioso. A série será exibida em 170 países e 45 idiomas. É a maior estreia mundial para uma série de TV, segundo Ann Druyan, viúva de Sagan e colaboradora do "Cosmos" original. Ela é produtora-executiva, roteirista e diretora da nova versão do seriado.

"Cosmos" chega a um momento crítico para uma sociedade cada vez mais fragmentada. Na ciência, bem como em outras áreas da nossa cultura, não existe carência de vozes, mas será que estamos prestando atenção? Na nova Nova Era, tudo se resume a que canais você assiste ou a quem segue no Twitter.

Ter uma conversa nacional que não seja sobre escândalos ou esportes viria a calhar.

No papel de homem comum cósmico, Neil deGrasse Tyson demonstra ser um parceiro convincente e amigável, além de guia turístico, acrescentando brincadeiras e ironias para a plateia se divertir.

No primeiro episódio, "De Pé na Via Láctea", nós andamos pelas ruas de Roma enquanto ele conta a história de Giordano Bruno, filósofo queimado pela Inquisição na fogueira em 1600 por defender a existência de um número infinito de mundos além do nosso. Aquela foi a aurora da era científica.

NA TV
Cosmos
Série em 13 episódios
QUANDO às quintas, às 22h30, no Nat Geo. A partir do dia 13/3


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