Folha de S. Paulo


Joan Baez volta ao Brasil 33 anos após show vetado

Mais de 30 anos depois daquele que seria seu primeiro show no Brasil, a norte-americana Joan Baez, uma das mais influentes artistas da música folk, enfim faz apresentações completas no país, neste mês, passando por São Paulo, Porto Alegre e Rio.

Em 1981, durante a ditadura, a cantora e compositora subiu ao palco em São Paulo para avisar que não poderia fazer o show, proibido minutos antes pela Polícia Federal. Acabou cantando duas músicas da janela do teatro, para o público na rua, à capela. O show no Rio também foi vetado.

Divulgação
A cantora Joan Baez
A cantora Joan Baez

"No fim, foi feito um documentário ["There But for Fortune: Joan Baez in Latin America", exibido em 1982 na TV americana], que acabou ficando mais interessante do que teriam sido os shows", diz a cantora à Folha. Numa das cenas, ela aparece tomando cerveja em São Paulo com o então líder sindical Lula.

Agora, a artista que se tornou a principal voz das canções de protesto americanas nos anos 1960 promete standards "não necessariamente" do seu repertório, músicas já conhecidas em sua interpretação e algumas de seus álbuns mais recentes. Será acompanhada por dois músicos, que se revezarão em violões, teclados e violinos.

Sem interesse por redes sociais, Baez diz que é sobre o palco que procura estreitar os laços com os admiradores.

"Nos shows, tento quebrar as barreiras entre público e eu, para que fiquemos mais próximos", diz a artista, conhecida por interpretar canções do ex-namorado Bob Dylan —foi ela quem o apresentou ao grande público, em 1962— e outras próprias, como "Diamond and Rust".

Aos 73, a cantora, sempre envolvida em questões de direitos humanos, continua ativa, com agenda cheia, participando de trabalhos alheios e gravando discos como os elogiados "Dark Chords On a Big Guitar" (2003) e "Day After Tomorrow" (2008).

"Faço meditação, me alimento bem, não uso drogas, sou disciplinada e procuro me cuidar. As cordas vocais são um músculo, e procuro mantê-las sempre muito bem treinadas", diz, sobre a disposição para enfrentar os palcos por mais de meio século.

INFLUÊNCIA

Baez diz ter sentido profundamente a morte do cantor, compositor e ativista político Pete Seeger, em janeiro, aos 94 anos.

"'We Shall Overcome', que ele ajudou a popularizar, é uma música conhecida no mundo todo. Admiro muito sua obra, que me influenciou como artista", comenta.

Das novas gerações, afirma ser fã do grupo britânico Mumford & Sons e diz ouvir música "conforme o meu estado de espírito".

"Vario sempre. O único grupo que faço questão de ouvir todos os dias são os Gipsy Kings, que adoro".

Quanto aos planos para o futuro, tem muitas apresentações em vista, mas, há cinco anos sem lançar nenhum disco, diz ainda não pensar em produzir um novo álbum.

"Só gravo algo novo quando vejo que é a hora certa, e com os produtores e compositores certos. Tenho sorte, pois sempre soube escolher bem o meu repertório".

JOAN BAEZ
QUANDO dias 19/3 (qua.), em Porto Alegre; 21/3 (sex.), no Rio; 23/3 (dom., esgotado), às 18h, e 24/3 (seg.), às 21h, em São Paulo
ONDE Auditório Araújo Vianna, na av. Osvaldo Aranha, 685, em Porto Alegre; Teatro Bradesco, no shopping Village Mall, av. das Américas, 3.900, no Rio; e Teatro Bradesco, no Bourbon Shopping, r. Turiassu, 2.100, em São Paulo
QUANTO de R$ 50 a R$ 230 (ingressorapido.com.br, informações pelo tel. 4003-1212)
CLASSIFICAÇÃO 14 anos


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